Pós-Covid 19
A crise econômica pós Covid-19 só tem comparativo com a grande depressão econômica nos anos 1930. Seus efeitos serão devastadores, especialmente no restante de 2020 e no primeiro semestre de 2021.
As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2020 consideram que o mundo sofrerá a maior contração anual do capitalismo de todos os tempos. Sua projeção é um recuo do PIB mundial para – 3%.
Um número avassalador quando se sabe que, até dezembro, as projeções para este ano eram de um PIB de 3%. Teremos, portanto, um queda de 6 pontos percentuais na riqueza global ao final de 2020. Isso é extraordinariamente muito.
Mas, no mundo, veremos que alguns países da Ásia como China, Coreia do Sul e Índia, principalmente, China e Índia, dois gigantes populacionais que vinham crescendo a taxas superiores a 6% a.a., irão alcançar resultados surpreendentes.
Seus PIBs caírão - mas não tanto como no resto do mundo – alcançando valores positivos de 1,2% e 1,9% em 2020, segundo ainda o FMI. Um assombro diante do panorama negativo mundial (os EUA, por exemplo, outra potência mundial, terão PIB negativo de – 5,6% este ano).
Pode ser uma sinalização de que a Ásia está quase pronta para enfrentar e colocar em xeque o Eurocentrismo em termos da dominação global dos mercados.
E o Coronavírus pode estar sendo o veículo indireto de ajuda na aceleração do fortalecimento daquele continente na correlação de forças para deslocar o centro econômico mundial para o continente amarelo. Mas esse pode ser assunto para outro momento.
A crise mundial vai impactar os países da América Latina por diversos canais, seja pelo comércio gravemente afetado, pela queda da oferta com a interrupção de várias cadeias de fornecimento ou pela queda da demanda com a perda de renda dos locais e o aumento exagerado do desemprego.
Segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), publicados pela Agência Brasil, em termos porcentuais, o total de pobres pode aumentar para 35% da população latino-americana e o de extremamente pobres poder chegar a 14,5%.
Estamos falando da metade da população desse lado do mundo: 310 milhões de pessoas ou quase um Brasil e meio.
No Brasil, especificamente, a coisa pode ser ainda pior. Sairemos de uma projeção positiva do PIB de 3% em 2020 para uma queda entre -5,5% (segundo o FMI) até – 20%, se a curva de contágio não se mantiver sob controle, o que, infelizmente, está acontecendo (no momento, ela está acima da curva Espanhola no mesmo período, o que é mau sinal).
Para que se tenha ideia mais clara desse número, na grande depressão de 1930, o PIB americano foi de – 5,5% naquele ano.
Não estamos preparados enquanto país para enfrentar essa enormidade de crise. O Brasil sofre ao mesmo tempo por três vertentes diferentes: a política, com um governo desgovernado e inócuo; pela saúde, tendo que encarar a maior epidemia de todos os tempos com o SUS em frangalhos; e a econômica que se prenuncia como a mais grave de que se tem noticia no país.
Não enxergo uma transição tranquila para o pós Covid-19. Na economia, não basta um bom ministro. Afinal uma andorinha só não faz verão. E vejo muitos “gatos” querendo comer o passarinho. O que pode entornar o caldo...
Na saúde, entendo que talvez agora a Nação acorde para a importância do SUS e pressione por sua reformulação.
E na política, se o atual presidente se mantiver no cargo, serão mais dois anos de intranquilidade e nenhuma realização.
Se não se mantiver, serão dois anos de espera pelo futuro presidente. Situação desgraçada essa nossa.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA