colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Vamos ter que remar tudo de novo

01/05/2020 - 11:40
Atualização: 01/05/2020 - 11:42

ACESSIBILIDADE


Uma grave crise econômica em um país, não é – em definitivo – algo simples de se enfrentar. E mais ainda de vencer. O Brasil é “especialista em crises”. Quase rotineiramente (da década de 1980 até hoje, foram nada menos que 5 crises gigantes) estamos tendo que enfrentá-las.

E, certamente, isso tem uma razão. Há décadas nadamos contra a maré das boas práticas políticas e da racionalidade econômica na maior parte do tempo, indo na contramão dos demais países em desenvolvimento.
Os BRIC, termo cunhado em 2001 pelo ex-secretário do tesouro do governo inglês, Jim O’Neill, era originalmente um grupo de países em desenvolvimento composto por Brasil, China, Índia e Rússia (posteriormente entrou a África do Sul e o conjunto passou a se denominar de BRICs) que o mundo financeiro internacional projetava com os de maior potencial para se tornarem países desenvolvidos, dentre os demais do mundo. Furou.

Outras nações asiáticas fora do time BRICs já ganharam muito mais destaque e se tornaram efetivamente países desenvolvidos. A rigor do grupo BRIC original, no momento, apenas a China (com enormes desigualdades internas é considerada um país desenvolvido).

Em 18 anos de existência do grupo, o Brasil, ao longo de todo esse tempo (2001 a 2019), foi o país de menor crescimento dentre os 5 países participantes, corroborando com a visão de que somos um país que há muito rema contra a maré. 

Um exemplo? Em plena era da globalização (que, aliás, com a Covid-19, está sofrendo forte abalo) continuamos um dos países mais fechados do mundo do ponto de vista do comércio internacional. Somos a 9ª economia do mundo, mas o 87º no ranking dos países mais fechados do mundo, dentre os 125 países pesquisados pelo World Economic Forum. 

A brutal crise econômica que o Coronavírus está nos “presenteando”, é excelente oportunidade, outra vez, para se fazer o dever de casa da forma correta. De não voltarmos a insistir na eterna falácia das medidas econômicas furadas desconectadas da realidade deste país e distantes das regras básicas da teoria econômica, ou certamente iremos novamente embarcar em outra canoa furada. 

Aliás, o fatídico Plano Brasil seria exatamente isso. Mais uma canoa furada, sem propostas e pretendendo fazer mais do mesmo de sempre: um monte de obras inacabadas para se somar às milhares que aí estão, encher as burras de alguns sabidos, manter tudo como está e no final, quando a crise piorar, fazer o povo mais à frente pagar a conta. Novamente. 

O filme é antigo e o enredo tosco, mal alinhavado e mal intencionado. Ainda bem que o ministro Guedes conseguiu dar um “cavalo de pau” na iniciativa após ver renovado o apoio presidencial para a continuidade do seu programa econômico.

Vamos torcer para que as coisas não desandem novamente. Arautos do atraso é o que não falta nesse país. Não basta o Coronavírus para atanazar a vida de todos?

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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