colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Brasil de Bolsonaro

26/04/2020 - 10:36
Atualização: 26/04/2020 - 10:41

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As pessoas mais velhas tinham o costume, quando as coisas estavam complicadas, de dizer que “está do jeito que o diabo gosta”. Nada mais apropriado para este momento do Brasil. 

Nunca jamais em tempo algum, como diria o grande pensador de Garanhuns e luminar do partido mais corrupto do mundo, o PT, se poderia imaginar que em apenas um ano de governo, esse presidente da República que aí está, por enquanto, iria criar tamanho desarranjo em nossa sociedade com suas ações distópicas e, sabe-se agora, até criminosas em alguns casos.

Eleito com 57 milhões de votos – que nunca é demais lembrar, representam tão somente 26,5% do total da população –, a esperança era de que viesse o que seria um governo-ponte para a transição pós-petismo, já que o foco ali era impedir o PT de voltar a nos roubar.

De inicio, ele surpreendeu com algumas escolhas ministeriais como –e principalmente – as dos Srs. Sérgio Moro e Paulo Guedes, que eram a face da promessa de combater a corrupção, o crime organizado e refazer a economia destruída pelas “inovações” petistas da teoria econômica em seus tempos de poder. 

A entrada de militares de vistosos currículos na sua equipe e a proposta de acabar com o toma-lá-dá-cá com o Congresso (nunca aconteceu, negociou cargos a granel com todos os partidos) levaram sua aprovação às nuvens. Mas, logo se viu que não era bem assim. Ele já havia começado o que o Estadão definiu em editorial de ontem, sábado, como a “escalada destrutiva de Bolsonaro” (em relação ao país). 

A leitura equivocada das grandes questões nacionais que ele reduzia a lutas do mal contra o bem; as relações milicianas que afloraram, o “escondimento” do Coaf para esconder rachadinhas do filho, as desventuras amazônicas, a paralisia de quase todo seu governo por incompetência ou medo de perder o cargo por ciúmes do chefe paranoico; o gabinete do ódio e sua fábrica de queimar reputações alheias, espalhar ódio, mentir metodicamente para construir a imagem de “mito” que ele nunca foi; as brigas com países aliados importantes (foram 11 até aqui).

As relações umbilicais com grupos que pregam o golpe, a ditadura, a volta do AI-5 e coisas do tipo, o “combate” ao comunismo que só ele e sua trupe globalista enxergam existir; a aniquilação do prestígio do Ministério do Exterior liderado por uma figura ridícula, um ministro da Educação que mal sabe escrever e cujo “forte” é ser discípulo de uma aberração; sua cruzada para liberar armas num país que mata mais gente por ano que a guerra de 21 anos do Vietnã são alguns – poucos – dos inumeráveis erros de sua gestão que o pais já está pagando.

Com a chegada do Coronavírus seu negacionismo se superou: era só uma gripezinha, disse ele, e de lá até hoje abriu uma “guerra santa” contra o combate ao vírus “tem que abrir tudo” “todos vão se contaminar” “vai haver umas mortezinhas, sinto muito” foram alguns dos achados que ele, insensível com seu povo, vituperou. Só ontem foram 357 “mortezinhas” que ele certamente não “sente muito”. O vírus já encaminhou o país para a sua maior crise econômica de todos os tempos. 

E nessa enorme confusão, fruto da maior crise sanitária que o país já enfrentou, o que ele faz? Demite o ministro da Saúde por ciúmes do seu desempenho na luta contra o vírus; “demite” sem formalizar o ministro Guedes (ao lançar o plano Brasil para o pós-epidemia, que o ministro sequer sabia existir) e paralisa o que ainda restava da economia; e “coroa” seus fatídicos 8 dias que acabaram com seu governo com a joia da coroa das suas infaustas decisões: o afastamento do ministro Moro. Está bestificadamente enlouquecido.

É preciso dar um basta nessa escalada que o presidente da República está impondo a um país em alto estresse. Os militares que o cercam, hoje seu único bastião, precisam entender que servem ao país e não a um descompensado que ameaça a todos.
Hora de ajudar a “saí-lo”.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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