colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Os quatro avestruzes

22/04/2020 - 10:01

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Quatro países, dentre os quase duzentos existentes no mundo, têm chefes de Estado negacionistas dos problemas que o Coronavírus está provocando por todo o planeta. O quarteto faz parte do que do que a revista The Economist qualificou como os países mais negacionistas do mundo e que o professor Oliver Stuenkel, da FGV, denominou de “os 4 avestruzes”. 

São três “potências” mundiais, Turcomenistão, dirigido por um ditador que proibiu (sic!) a pronúncia do nome do vírus sob pena de prisão; Nicarágua, sob a tutela de outro ditador, este farinha do mesmo saco dos petistas daqui; e, a Bielorrússia mais uma ditadura derivada da antiga União Soviética. E, sabem quem é o quarto? Pasmem! O Brasil de Bolsonaro. 

Uma das principais características das ditaduras é que são regimes avessos à democracia. Onde o poder se concentra nas mãos de um “salvador” que para fazer valer suas vontades suprime direitos, reprime com violência, “regula” a imprensa (para não dizer cala), domina os poderes Legislativo e Judiciário, estes, aliás, são sempre os primeiros a serem “controlados”.

E usam de muita, muita violência para manter o povo “sob controle” e com medo. Autoritarismo e violência são marcas de qualquer ditadura. Como também o é sua falta de legitimidade. Não importa se de direita ou esquerda.

O que um grupelho de extrema direita sem vez nem voz na democracia brasileira até o surgimento de Bolsonaro - que efetivamente se alinha a seus pensamentos antidemocráticos – fez no domingo passado em Brasília na porta do quartel general do Exército, é exatamente o que a imensa maioria dos brasileiros repudia: a apologia à volta da ditadura. 

O direito de expressão está assegurado na Constituição. Como o de ir e vir. Como o que reza que todos são iguais perante a lei. Portanto, as pessoas podem perfeitamente ir às ruas defender suas posições políticas ou reivindicar algo que, em sua opinião, seria o melhor para o conjunto da nação. Não pode é o presidente da República apoiar de forma aberta uma excrescência dessas. É claro motivo para seu impeachment. 

Extremos sempre vão existir. Mas os contrapesos institucionais aí estão justamente para contrabalançar e equilibrar eventuais disfuncionalidades no sistema democrático. É assim que a coisa funciona. Ademais, existem eleições. São elas que definem os rumos políticos do país. E na eleição de outubro de 2018, ao que consta, não havia nenhum contrato político de que estaríamos elegendo um ditador. Muito pelo contrário.

O brasileiro não votou em Bolsonaro pelo seu discurso. Muito ruim por sinal. Votou porque era preciso extirpar o PT da vida deste país. E também, porque não apareceu nenhum candidato que estivesse sintonizado à onda de mudanças que a nação pedia. Apenas isso.

Não pode ele agora, por sua inata incompetência política ou espírito ditatorial, querer subjugar 215 milhões de pessoas à sua vontade, aos seus caprichos excêntricos, à sua megalomania pessoal. Se insistir, vai bater de frente com uma montanha de gente que nunca mais quer ouvir falar em ditadura. Ao invés de acorrentar uma nação, pode ser é preso.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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