colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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15/04/2020 - 09:03

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Coronavírus amedronta o mundo
Coronavírus amedronta o mundo

Uma das características de uma epidemia é a propagação geométrica de determinado vírus na população até atingir o pico da epidemia que, segundo o epidemiologista e diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra (Suíça), Antoine Flahault, somente acontece quando entre 50% a 66% das pessoas tiverem sido infectadas e, portanto, adquirido anticorpos contra o vírus invasor.

O pico da epidemia entre nós vai acontecer entre os meses de abril a junho, segundo o Ministério da Saúde. Somente a partir daí a curva ascendente da epidemia irá inflexionar e tomar ritmo decrescente perdendo fôlego até outubro. Essa foi a dinâmica da China e da Coreia do Sul, após medidas bem rigorosas (mais de 85% da população passou por recolhimento social por mais de 60 dias em Wuhan, na China, por exemplo).

Isso, no entanto, não elimina o risco de novas ondas epidêmicas no país vez que somente com a imunização de 95% da população por vacina (ainda não existente no caso do Coronavírus) ou a infectação total da população, é que se tem o vírus sob controle. 

É o que está acontecendo agora na China que, após controlar a epidemia, vê surgir novos casos, segundo eles “importados” de pessoas que retornaram ao país.

A projeção de vacina para o Coronavírus é para daqui a 18 meses, ou seja, por volta do último trimestre de 2022, certamente só ficando disponível para a população mundial, otimisticamente falando, por volta de junho de 2023.

Até lá, pessoas com mais de 60 anos, pessoas com doenças graves ou autoimunes que representam 25% da população brasileira estão no grupo que precisará manter rigoroso controle sobre suas vidas para evitar o contágio com pessoas já infectadas e livres do vírus, que até lá devem alcançar mais ou menos 90% da população. 

Por isso a preocupação em resguardá-las e protegê-las. Algo muito preocupante no caso brasileiro, cuja realidade absolutamente diversa dos países europeus, modelo que estamos seguindo para o combate à epidemia, torna tudo isso mais difícil.

Em especial, porque as pessoas desses grupos com menos nível instrucional, residentes em aglomerações urbanas de baixa renda ou de alta densidade de pessoas por m² nas residências, em geral insalubres, que, além de conviver com suas vicissitudes médicas normais, ainda terão que se resguardar e se proteger, inclusive das pessoas de suas famílias. Algo que reputamos de muito difícil execução.

A nosso ver, até a chegada efetiva de vacina para o Coronavírus, por volta de 2023, o Brasil, como de resto países pobres ou em desenvolvimento, terá milhares de mortes, provavelmente subnotificadas como outras doenças, vez que o pico da epidemia já tenha ficado para trás. Haverá natural afrouxamento dos órgãos de saúde responsáveis pelo combate ao vírus.

E passaremos a conviver “tranquilamente” com mais uma meizinha típica de país atrasado, como a dengue, o sarampo, a chinkungunya, a malária... que, ano após ano, matam milhares de pessoas nesse país, sem que nada se faça de sério para acabar com essas (e outras) doenças.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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