colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Moro e o centro

10/02/2020 - 13:23

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Sérgio Moro
Sérgio Moro

Quando o presidente convidou o então juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça estava certo de estar dando uma grande sacada política. Só que não. Profissionais da política jamais convidariam alguém para lhe fazer sombra e até sobrepujá-lo na preferência do eleitor.

Pois bem, o presidente, bem ao seu estilo, foi à caça e trouxe o juiz para seu time, quando Moro, àquela altura, já era – em termos de imagem – muito maior que o próprio chefe. Depois disso, é o que estamos vendo. Percebido o erro de cálculo político, o presidente passou a tentar se livrar de Moro. Mas, uma a uma suas tentativas não vingaram. Quanto mais o ministro apanha, mais vê crescer seu apoio em todas as classes sociais. Bingo!

Moro se fortalece e sai cada vez maior das armadilhas presidencial ou dos seus inimigos no Congresso e no Judiciário. Está aprendendo a fazer política, vem ampliando sua base própria de apoio no Congresso, melhora seu relacionamento com os vários estamentos sociais e estabeleceu com o povo forte rede de proteção com a significativa redução dos números da violência neste seu primeiro ano no Ministério da Justiça.

O presidente não sabe mais o que fazer com ele. Indicá-lo para o Supremo? Podem piorar as coisas já que, de lá, Moro pode operar em bases políticas ainda mais fortes. Apeá-lo agora do poder deixando-o no proscênio político até as eleições? Jogada de altíssimo risco que pode torná-lo “vítima” e liberar o seu discurso para 2022. Levá-lo em banho maria e fazê-lo seu vice na próxima eleição? E se ele não topar e sair candidato? Isso para não falar do prejuízo à imagem do governo com a sua saída...

Moro é candidato a presidente da República e essa candidatura já não mais lhe pertence. Ela representa a esperança de mudança que a maioria do povo espera e vem sinalizando desde 2013 (embora meliantes incrustados no Judiciário, Legislativo, Executivo e empresariado de resultados lutem contra isso). É só olhar quem são os “contra” para se entender quem é quem nessa história...

Se nada mudar nesse quadro até 2022, Moro é o candidato do centro com amplas chances de vitória, embora experts defendam a tese de que, com a economia melhorando, o atual presidente se reelege. Nesse contexto, é preciso se considerar que o crescimento previsto para se iniciar este ano não vai acontecer.

Os (fracos) dados de janeiro são um forte indicativo disso (e ainda não se computou o estrago do coronavírus na economia global e seus reflexos na economia brasileira). Em segundo lugar, não se pode deixar de considerar a recorrente queda na aprovação do governo que, ao avançar em direção à extrema direita, abre enorme flanco no centro para candidato que galvanize o desejo de mudança das pessoas.

Em terceiro lugar, as reformas – fundamentais e importantes após o tsunami petista – não serão “cabos eleitorais” para 2022. Demandam médio e longo prazo para seus benefícios chegarem ao bolso das pessoas. Até lá, a infraestrutura econômica do país contínua débil, os fundamentos da economia mal se reorganizam. Falta muito para o crescimento sustentado. Ponto para candidato de centro que construa seu discurso na esperança das mudanças não radicais que o eleitor deseja.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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