colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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É preciso encontrar saídas

16/12/2019 - 13:13

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Manifestação popular no Brasil
Manifestação popular no Brasil

As manifestações populares voltaram a pulular em várias partes do mundo, inclusive na América do Sul. O incrível em quase todas são suas motivações iniciais subalternas que terminam por galvanizar importantes setores e explodir em múltiplas formas de protestos. E violência. 

Razões? Várias ou nenhuma. É o metrô que aumentou, o salário que não aumenta, o desemprego que passa de residual para endêmico, a tecnologia ocupando o lugar do homem, a corrupção política, empresarial e de governos, os péssimos serviços públicos, capitalistas abocanhando maiores parcelas da renda, os tesouros quebrados ou quase, mas, mais que tudo, a cada vez mais exasperante falta de perspectiva, é o cordão que puxa toda a corrente.

Governos de todos os naipes: sociais democratas, socialistas e liberais não dão mais conta de cumprir suas promessas de distribuição de benefícios. Foram tragados pelo novo modelo de governança onde as grandes corporações são as verdadeiras “donas do mundo”. Ambiente fácil para que populistas da pior espécie tentem se dar bem na base do quanto pior melhor.

“Vivemos um grande deficit de utopias, o mundo está dependente de propostas que tragam esperança”, afirma o jornalista Celso Ming, do Estadão. Acrescento: e de líderes que mostrem e conduzam o mundo pela íngreme e dura rota das soluções reais. Que todos terão que trilhar para sair da armadilha do baixo crescimento, o novo normal. Um beco sem saídas fáceis. 

Os políticos terão que convencer suas populações a reduzirem expectativas. Não será fácil. Até porque perderam a credibilidade para isso. As redes sociais os desnudam todos os dias, a toda hora. A ida às ruas reflete bem isso. Tanto é verdade que na maioria das manifestações não se vê suas presenças, divorciados que estão – como nunca – das temáticas caras a seus povos.

O mundo caminha célere para um “novo normal” ainda difuso. É um iceberg gigante com a ponta de fora d’água escondendo no seu interior a tremenda crise que engendra escondida da maior parte das pessoas. E elas, mesmo sem entender isso claramente, reagem com a única arma que dispõem: protestando. 

O baixo crescimento/estagnação na maior parte das principais economias mundiais, a incapacidade dos países em desenvolvimento de evoluírem e alcançar os desenvolvidos, os novos empregos gerados (quando o são) em sua grande maioria em serviços de baixa sofisticação e produtividade e que remuneram mal, são alguns dos sintomas do mesmo mal.

Como o são a injeção maciça de crédito e de juros baixos pelos bancos nos mercados dos países centrais que não respondem. E ameaça o mundo com novas bolhas como a de 2008. Como é a remuneração a juros negativos de 13 trilhões de dólares (15% do PIB mundial) pelos bancos. Aliás, um gravíssimo sintoma: quando capitalistas preferem ser remunerados negativamente a arriscar seu dinheiro em projetos de maior risco, o mundo certamente precisa – e rápido – repensar saídas e novos modelos que reescrevam uma nova história na história da humanidade. 

É preciso que se acorde para essa ameaça real a todos do planeta. Que pode chegar até antes do clima matar 1/3 da humanidade. O mundo precisa líderes de verdade para reescrever um outro final que não o que se desenha gravemente hoje.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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