colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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Caminhamos para uma crise mais duradoura

09/10/2019 - 14:30

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Reforma da Previdência
Reforma da Previdência

O país, em crise há longos 5 anos, continua paralisado por suas (não minhas) excelências. As boas medidas engendradas pela equipe econômica no governo Temer ficaram congeladas por conta da imobilização política do presidente pelos escândalos a seu respeito que pipocaram no seu mandato. E o atual governo, instável politicamente, não consegue encontrar um meio termo capaz de dar solução efetiva às reformas que o país tanto precisa. 

A reforma da Previdência, que seria sinalizadora para o mercado da concretude do início das mudanças prometidas, está há quase um ano patinando no Congresso – sob domínio do Centrão - e ao que tudo indica, da montanha vai se parir um rato. Traduzindo: continuidade da desconfiança empresarial já que todos sabem que o que está saindo aí terá que ser revisto logo, logo. A importante reforma tributária pelo visto não sai esse ano. Significa dizer que, se aprovada em 2020 (sabe-se lá o que eles irão entregar ao país) somente poderá ser implementada em 2021 com resultados iniciais a partir de 2023. Num novo governo...

O país está quebrado, mas o Congresso (e demais instâncias estaduais e municipais) “só pensa naquilo”: as eleições de 2022. E tramam para asfixiar o atual governo de modo a desidratá-lo politicamente até lá (e o presidente com suas falas diárias contribui fortemente para isso). E no meio do caminho, que ninguém é de ferro, querem aumentar a excrescente verba eleitoral para algo como 3,5 bilhões de reais para serem gastos comprando votos de eleitores e de cabos eleitorais.

Nesse interim, “correndo por fora” as despesas com a máquina pública continuam avançando vorazmente sobre os parcos recursos que ainda restam livres no Orçamento da União. Para 2019, 93% dos recursos já estão comprometidos. Sobram 7% para bancar todas as demais despesas e os investimentos governamentais (somente este item deveria orbitar em torno de no mínimo 15% dos recursos orçamentários).
Teremos mais um ano de vacas magras, sem geração significativa de empregos, sem a retomada do crescimento e, pior, com uma potencial crise política que – se avançar – paralisará de novo este país. Aí, novidades só depois de 2020. Infelizmente. 

Ainda mais quando se sabe que o cenário econômico internacional não está pra peixe. O economista Nouriel Roubini, célebre por antecipar a crise de 2008, prevê que já em 2020 o mundo poderá adentrar em uma nova recessão global se até lá não forem equacionadas a briga comercial EUA-China, as disputas sobre quem sairá vencedor na batalha pelo domínio do 5G (outra disputa entre americanos e chineses) e, o acirramento da contenda no Oriente Médio em torno do suprimento de petróleo ao mundo. Todos, temas potencialmente incendiários, mormente num contexto de instabilidade global como o mundo vive atualmente.
O cidadão deve se preparar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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