O atraso do Brasil tem um nome: educação
Encaminhar soluções à ingente questão da educação no Brasil é enfrentar uma miríade de barreiras quase intransponíveis. A começar por modelo de educação engessado em conceitos modernosos e propostas didáticas, metodológicas ou curriculares distantes da realidade do aluno – na maior parte inúteis, por inoperáveis, na sala de aula – que desconsideram a falta de qualidade mínima da estrutura escolar (material, física e de RH) para tal.
Escolas desequipadas que mal se sustentam em pé; profissionais despreparados para o seu métier; a insistência boçal das escolas superiores - aparelhadas ideologicamente- em querer formar “pensadores” (sic!) e não docentes preparados para a sala de aula (apenas 20% da formação do docente é sobre o que ensinar, segundo dados da Fundação Victor Civita); a baixa qualificação técnica, cultural e intelectual destes para conduzir nossos jovens e adolescentes para o futuro; Que, por sua vez, nativos digitais e antenados, se afastam mais e mais dessa escola que não lhe diz respeito. Que é para eles apenas uma obrigação formal.
Enquanto as tecnologias digitais estão mudando o mundo, nossas escolas – públicas e privadas – mal adentraram nas tecnologias 1.0. A quase ausência do digital (sistemas educacionais qualificados ou o uso inteligente do mobile no processo de ensino-aprendizagem, por exemplo) fatores de contemporaneidade e qualificação do ensino, continuam distantes. São elos faltantes para a educação brasileira sair do século XIX para o XXI. Ainda estamos na era do livro didático de papel. A idade da pedra prevalece.
Não há como sequer se imaginar “conquistar o aluno” de hoje com esse modelo não tecnológico distante anos-luz da sua realidade - mesmo os mais pobres – que, nativos digitais, dominam as tecnologias mais avançadas, o que seus professores e gestores sequer arranham em termos de conhecimentos.
Uma coisa é certa: o uso de tecnologia na escola não casa com propostas para entregar Tablets para crianças sem nenhuma programação do que fazer com eles. Algo que se provou um fracasso com o malfadado programa “Um computador por aluno”. Que certamente serviu para “encher as burras” de alguns corruptos envolvidos.
Essa montanha de idiossincrasias é resultante do centralismo ineficaz, da incompetência gerencial e da mal disfarçada resistência às mudanças do Ministério da Educação (opera no “modo anos 1950”) e da deficitária performance de quase toda a cadeia de comando da educação nos âmbitos federal, estadual e municipal, agravando-se mais a cada nível.
Isso, para não falarmos num “tabu” da área: a adoção “apaixonada” de teorias educacionais exógenas quase sempre desconectadas da realidade social e cultural do aluno e do Brasil. É preciso urgente, parar com esse complexo de vira lata e evoluir para conceitos nossos, próprios, brasileiros. Práticos. Chega de colonialismos. Esse modelo de educação que aí está mantém o país na triste posição de rabeira do PISA, exame internacional que mede a capacidade do aluno nos principais países. Contra fatos, não há argumentos.
Na próxima semana encerramos essa série de três artigos, com algumas sugestões que já estão circulando por aí esparsas e às vezes quase anônimas, mas que podem dar nova face ao setor.
Um país só se desenvolve se tiver uma ótima educação. E ponto final.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA