colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Braskem: Pobre de Alagoas

24/06/2019 - 15:55

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Foto: Divulgação
Braskem está localizada no Pontal da Barra
Braskem está localizada no Pontal da Barra

A subsidência de vários bairros de Maceió atingidos pela irresponsável exploração predatória levada a cabo pela Braskem em subsolo urbano com grande densidade demográfica, é crime e precisa ser punido. Lidar com essa empresa para resguardar direitos daquelas pessoas, livrar Maceió dos perigos de um grave acidente naquela indústria que pode afetar a vida de milhares de pessoas e redesenhar sua presença econômica no Estado pagando impostos devidos (alô Secretaria da Fazenda...) não será fácil, como alguns subliminar ou maliciosamente sugerem.

Não se espere que ela, “boazinha” cumprirá o que está em seus adocicados comunicados de relações públicas. Não será assim. Há um padrão internacional de “defesa” das indústrias mineradoras (Mariana e Brumadinho são exemplo) que ela vai cumprir com rigor em defesa dos seus acionistas via bancas pagas a peso de ouro para postergar, pressionar contrários, negociar acordos desvantajosos, alinhar (mais) políticos e autoridades para sua defesa, etc.

Nunca é pouco repetir: estamos lidando com um dos maiores grupos econômicos brasileiros condenado na Lava Jato e acostumado a comprar silêncios, adesões estratégicas e políticos para a “defesa” do seu negócio. O grupo é o maior envolvido nas falcatruas do governo petista e líder do consórcio de empreiteiros ladrões que, associados ao PT, PCdoB, PMDB, PP, PR, PSD infelicitaram esta Nação nos últimos 16 anos nos roubando tudo, até o país quebrar.

Não se deve esquecer também a longa história de tergiversações, falsas promessas e meias verdades promovidas pela Braskem e suas denominações anteriores em Alagoas, desde o inicio da exploração de nossa principal riqueza mineral. O principal deles, o sonho de desenvolvimento econômico foi-nos roubado. A ida das principais empresas de segunda geração para outros Estados por decisão da Odebrecht (e sem qualquer pressão efetiva das autoridades do Estado à época) dificultou a vinda de empresas de terceira e quarta geração para Alagoas (hoje são cerca de 6 dezenas, quando as projeções se referiam a no mínimo 200).

Não se pode claro, olvidar o papel omisso do Estado. Nos licenciamentos ambientais precários emitidos. pela inexistente fiscalização à empresa (vale para os órgãos do governo federal) ou leniência que fez, autoridades e políticos, agir como avestruzes diante do problema gerados pela empresa. Se tivessem cumprido seu dever – no limite – poderiam ter evitado a catástrofe do Pinheiro, eliminado a ameaça potencial a até 1/3 da população com a presença física da indústria em plena Maceió e dado fim à graciosidade das isenções concedidas o que teria ajudado a evitar a bancarrota financeira do Estado, mesmo diante da atual crise.

Não o fizeram. E Alagoas vai sofrer de novo. Precisa se organizar para enfrentar uma luta difícil, longa, insidiosa que a Braskem e seu forte aparato jurídico irão impor. Para aqueles que acham o contrário, chamo a atenção para os termos da negociação que o grupo Odebrecht está negociando em seu pedido de recuperação judicial. Quer que a justiça bloqueie qualquer execução de ação contra a Braskem para que a recuperação do grupo seja “bem sucedida” (percebam a ameaça subliminar...).

Sabem o que isso significa? Aprovado esse pedido, adeus qualquer veleidade de apressar solução para as pessoas afetadas por sua ação insidiosa em Maceió. E, até daqui a dois anos (prazo da recuperação judicial) para se promover ações que “onerem” o caixa da Braskem!
Pobre Estado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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