Conteúdo Opinativo

Quem será o vencedor?

06/06/2022 - 15:36

ACESSIBILIDADE

Divulgação
Lula e Bolsonaro, possíveis candidatos das próximas eleições
Lula e Bolsonaro, possíveis candidatos das próximas eleições

Inevitavelmente a interrogação-título vai estar em nossas mentes até outubro ou novembro: quem será o presidente do Brasil a partir de 2023? São dois candidatos na polarização, e mais dez a dividirem o restante dos votos, talvez pouco mais de 20% dos sufrágios restantes. Tem sido assim desde o início das pesquisas, e o pessoal da rabeira da lista de pretendentes tem demonstrado alta resiliência. Desvendar esse mistério é fácil. Quase todos, ou mesmo todos, insistem esperando algumas migalhas dos disputantes principais. Já há até partido afirmando, apesar de seu presidente ser candidato, que adiante pretende negociar apoio a Bolsonaro.

Infelizmente, as eleições em nosso País são apenas um negócio entre espertos. Não fosse assim, a chamada terceira via não estaria tão pulverizada, o que já demonstra a pouca seriedade que dão ao pleito. Uma pena, pois há um ou dois candidatos entre os menores que têm realmente discurso convincente, ao menos enquanto retórica.

O fato é que os dois melhor avaliados nas pesquisas eleitorais por enquanto são reiteradamente Lula e Bolsonaro, nesta ordem. Como a política, não sendo matéria euclidiana, é extremamente dinâmica, impossível dizer-se qual será o vencedor final entre eles. O esquerdista, já escolado na arte de iludir, tem levado aparente vantagem sobre o extrema-direitista. Vantagem numérica, claro, porque os discursos de ambos são costumeiramente ilusórios, embora o atual presidente tenha uma retórica grosseira, naturalmente apreciada por seus seguidores. Aliás, inquieto-me ao ver pessoas antes tão lúcidas, inteligentes, e atualizadas, militarem com o bolsonarismo, e até apreciarem as grosserias presidenciais.

É fenômeno que a Ciência Política explica através da semiologia, ou culto de símbolos, no caso personalíssimo, como aconteceu no nazismo e no fascismo. A mesma inquietude causa-me a devoção por Lula, quando pessoas também razoavelmente politizadas varrem as falcatruas do petismo, ainda recentes, para debaixo do tapete. Em suma, exceto os que são bolsonaristas ou lulistas de carteirinha, votarão em Bolsonaro aqueles que têm medo de Lula; neste, os que têm ojeriza aos desmandos do ex-capitão. É esta uma forma sábia de escolher um presidente da República, um governador, um deputado estadual ou federal, ou um senador? Evidente que não. 

Esse tipo de escolha tem como escopo o menos pior. Confesso que tenho dificuldade em saber qual é pior, pois ambos representam o que o País menos precisa: a locupletação do poder, o que significa que o bem-estar da Nação virá em segundo, terceiro, ou último lugar.

Enfim, a melhor imagem que vejo relativa a esse dilema é aquela situação vivida por Odisseu (Ulisses), no poema épico do grego Homero: se não naufragarmos em Scyla, afundaremos em Caríbides.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato