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A terceira via

06/12/2021 - 15:09

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Em religião o maniqueísmo é necessário, pois é ela baseada na eterna luta entre o Bem (a virtude) e o Mal (o pecado). Já na política, nem sempre em tudo e em todos os lugares é aceitável, principalmente quando de eleições. Vejamos, por exemplo, nos Estados Unidos onde desde sua fundação a batalha é entre republicanos e democratas, cada qual representado por um dos dois partidos antagônicos há séculos. No Brasil não deu certo no passado, pois a tradição é a disputa aberta, o que serve para contornar a falta de princípios políticos dos nossos partidos.

Quem, em sã consciência, pode afirmar que partido A, ou partido B, é de esquerda, ou de direita? Quais os conceitos de Filosofia Política que as agremiações partidárias brasileiras observam? Ao contrário, direita e esquerda são amontoados de pensamentos supostamente programáticos que, todavia, têm um único dogma: o poder pelo poder.


A proximidade das eleições agita, desde já, o cenário político. Extrema direita e extrema esquerda iniciaram os embates, que a bem da verdade já vêm ocorrendo desde o início do governo Bolsonaro, a direita e a esquerda sem extremos então tomando posição entre uma ou outra, ou ainda sentadas em cima do muro. Assim, apenas duas vias tomaram conta do cenário político.

Agora surge a terceira via. Um partido? Um candidato? Certamente não, como soe acontecer nesse Brasil de múltiplas feições. A tal via alternativa é pura disputa entre vários partidos que esperam combater, e vencer, Bolsonaro e Lula. Moro, Ciro Gomes, Dória, Datena e outros que ainda vão surgir, cada qual pretende a vitória. Há chances? Sempre as há em um país democrático. Não fosse assim, um deputado obscuro, membro de um partido insignificante, não conseguiria tornar-se o presidente polêmico e até ridículo que aí está. Ou um operário sem firmeza programática teria realizado tal feito no passado, inclusive nomeando um “poste” para substituí-lo. Apreciemos ou não, são manifestações da Democracia. Mas a quem pense que a denominada terceira via está coesaem torno de um único candidato, resta o desencanto.

Os candidatos alternativos já disputam entre si, e em breve se digladiarão, cada qual se considerando único capaz de vencer o ex-capitão e o ex-operário. Não é caminho viável a essa empreitada a proliferação de candidatos da terceira via, nas condições atuais, quando Bolsonaro e Lula têm, cada qual, capital eleitoral seguro, e juntos perfariam mais de 50 por cento dos votos ainda no primeiro turno. Ou seja, a terceira via ou se une em torno de um candidato alternativo, ou será apenas uma miragem.


Esperemos que as vaidades submetam-se à inteligência.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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