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Factoides e estultícias

30/08/2021 - 15:36

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Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro

A política conhece bem o primeiro substantivo do título. Criar fatos esperando repercussão na imprensa e na sociedade é prática comum entre os políticos. Fazem-no sem qualquer pejo. Para o seu próprio benefício, os factoides são obviamente positivos. O mesmo não se pode esperar quando têm como foco os adversários. Em ambos os casos, não importa se são verdadeiros ou falsos. Explicam-se, comumente, mal usando pensamento atribuído a Maquiavel: os fins justificam os meios.

As estultícias, essas também proliferam na política, malgrado nenhum político queira delas ser cultor. Envaidecidos pela posição conquistada, certos de que são sagazes e inteligentes mais que todos, os políticos arrogantes o mais das vezes metem os pés pelas mãos, e produzem tantas e tamanhas tolices difíceis de acreditar em pessoas de tão alto nível na sociedade.

O presidente Bolsonaro sem dúvidas tem se esmerado nos factoides, sejam eles positivos ou negativos. Não consegue passar um dia sem que sua mente criativa produza fatos artificiais que extrapolam o seu “cercadinho” e a sua reduzida plateia, espalhando-se por esse Brasil afora graças à mídia, inclusive a tradicional. A chamada mídia social, aquela formada por bolsonaristas, essa é ágil e imperdoável. Consegue, como se dizia antigamente, transformar preto em branco, satisfazendo os prosélitos do bolsonarismo. Aliás, os factoides são prática do presidente desde a campanha de 2018, e ele até se orgulha de tê-los usado, logrando a vitória sem a necessidade de apoios partidários ou dispêndios financeiros significativos.

Bolsonaro tem sido, também, um bom praticante das estultícias. Ele e os seus acólitos. Os ataques que têm deflagrado contra as instituições são exemplo eloquente, tanto de factoide, quanto de tolice. Veja-se, por exemplo, que imagina possibilidade de fraudes nas eleições por via eletrônica, sem qualquer base para a acusação. Divulga que apresentará provas, e depois admite que não as tem. Enxerga-se aí, com facilidade, as duas práticas. É factoide, porque nada há que sustente suas suspeitas, palavras ao vento que são. Por outro lado, é tolice enorme pois com essa maluquice Bolsonaro impõe dúvidas até sobre suas próprias eleições, sejam elas para o parlamento, ou esta última para a chefia do Executivo.

Decorrência perigosa desse comportamento do presidente da República é a geração, na mente de bolsonaristas inconsequentes, de vontades golpistas, agressões às instituições, desrespeito à Constituição, e até aos símbolos nacionais, como a bandeira brasileira de tantas glórias, hoje servindo, entre os seguidores do Bolsonaro, de mortalha para a Democracia.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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