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Cautela e Caldo de galinha

24/08/2020 - 13:20

ACESSIBILIDADE


Acompanho diariamente os gráficos da média móvel da covid-19 no Brasil. Alegra-me ver que Alagoas, no mapa ilustrativo da incidência do vírus nos estados brasileiros, mantém-se firme, há várias semanas, entre os que apresentam baixa na ocorrência de óbitos causados pela doença pandêmica. Malgrado seja pouco, alguma coisa há para ser comemorada. Decorrente disso, o governo do Estado, que tem também seu mapa ilustrativo, vem liberando, passo a passo, o convívio social, a reabertura de bares e restaurantes, as praias etc. 

É uma retomada gradual, sempre de acordo com a evolução dos casos de incidência da infecção e de mortes. Tudo muito bastante razoável, muito bem sob controle, ao menos no papel: uso de máscaras, distanciamento entre as mesas dos restaurantes, limitação de clientes, proibição de aglomerações, e assim por diante.

Dentro dessas circunstâncias, Maceió foi guindada à faixa azul, em que a abertura é maior. Ocorre, todavia, que assusta ver quantas pessoas desfilam no centro da cidade e nas ruas sem a preocupação de usar máscara protetora, típica do novo normal que esperamos provisório. Nos bares, restaurantes e shoppings, onde a fiscalização da edilidade é mais fácil de ser executada, deve haver maior cumprimento das condutas restritivas. As praias, no entanto, tornaram-se território absolutamente livre dos cuidados contra o mal que hoje assola a humanidade, não só Alagoas. 

O mesmo se pode dizer das festas particulares, mesmo em residências, onde, para usar uma expressão bem em uso, notadamente entre os jovens, liberou geral.

Domingo passado fomos surpreendidos com barulhenta carreata na orla, quando profissionais ligados ao turismo, ao entretenimento e às festividades, pressionavam para o retorno dos shows públicos. É compreensível que todos estejam ansiosos por reatarem as suas atividades, promovendo a vinda e exibição de cantores, conjuntos, bandas e orquestras. É natural, claro, e toda a sociedade, principalmente o poder público, deve preocupar-se com a condição de sobrevivência econômica dessas empresas, pequenas e individuais. 

A volta à atividade por certo representa a recuperação de um setor que abriga empregos e famílias. Mas, será certo liberar o chamado show business na forma tradicional? Como será possível controlar as aglomerações, o uso de proteção, o distanciamento entre os fãs, o seu natural entusiasmo? A Itália, onde o controle da pandemia já está bem adiantado, mostrou imagens de bares, shows etc, nos quais jovens esqueciam todos os cuidados e já cogita regredir na liberação, retornar à fase mais dura do distanciamento social.

A doença volta a recrudescer por lá! 

Aqui em Alagoas, graças a Deus, as mortes estão reduzindo, como todos sabemos. Os casos de contaminação, no entanto, continuam crescendo, e Arapiraca, por exemplo, onde parece ter sido levada ao extremo a liberação, é hoje o epicentro de contaminação em nosso estado. É nesse ponto onde reside o perigo, porquanto o crescimento dos casos de infecção pode levar ao caos na saúde, e portanto, mais óbitos. Boa aplicação é velho conselho do mítico Barão de Itararé: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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