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A incógnita da semana

17/08/2020 - 13:06
Atualização: 20/08/2020 - 14:23

ACESSIBILIDADE


Pode-se acusar os governos brasileiros de tudo, menos de monótonos. Notadamente os últimos. O governo Bolsonaro nada fica a dever aos demais nesse particular. A cada mês, ou semana, ou dia, é comum acontecer algum fato político desagradável com algum ministro, e quase sempre com o próprio presidente.

Ainda ontem (11/8) ocorreu um fato que não só nos deixa perplexos, mas deve preocupar-nos, pois quando essas coisas começam no núcleo do Poder há algo e nada será como d’antes no quartel de Abrantes. O País sempre teve ciência, desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, até mesmo desde antes, quando da campanha política, que o domínio do ministro Paulo Guedes é quase absoluto, ao menos no que tange à economia, mas com influência em qualquer dos outros ministérios. 

O próprio presidente nunca escondeu que o ministro da Economia é soberano no seu mister, sendo praticamente o voto de minerva nas questões que envolvam estratégias atinentes a questões econômicas, isto é, em tudo, pois afinal a economia é de amplo leque. E Paulo Guedes jamais se fez de rogado em desfrutar desse prestígio. Bolsonaro até em algumas ocasiões voltou atrás nas suas decisões intempestivas, em seguida ao “desaprove-se” de Guedes. Agora a coisa não parece tão absoluta, definitiva. 

Ontem ouvimos declarações do ministro Guedes de que a sua pasta está sofrendo forte debandada de assessores estratégicos, todos insatisfeitos com os rumos que as coisas vêm tomando na economia brasileira, notadamente o desrespeito a planos e projetos, cuidadosa e tecnicamente elaborados. O ministro foi bem claro em dizer que a efetivação dos planos do seu ministério é subordinada à vontade e decisão do presidente, o que é bastante natural no presidencialismo. Foi mais adiante, todavia, na crítica a assessores e conselheiros do Bolsonaro, que, segundo ele, Guedes, aconselham mal e poderão levar o presidente até ao impeachment. 

Uma boa leitura das palavras do ministro leva-nos a pensar, com um certo grau de certeza interpretativa, que a crítica na verdade é ao chefe maior, porquanto, afinal a decisão última é dele, colmo afirmara o próprio Paulo Guedes.

O segundo capítulo na novela política ocorreu logo hoje (12/08). Bolsonaro apressou-se a dizer que é a favor da responsabilidade com as contas públicas e com o controle de gastos, no que foi secundado pelos presidentes da Câmara e do Senado. Aparentemente, mais uma declaração presidencial de apoio ao superministro. No fundo, porém, parece crítica e insatisfação com as palavras de Guedes. Até porque o ministro, diferentemente do que aconteceu em outras ocasiões, sequer foi convidado para o palanque.

O que virá amanhã? Vamos esperar para ver. A semana ainda tem alguns dias para terminar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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