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A culpa não é do ministro

20/07/2020 - 13:45

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Muito se tem debatido nos dias presentes, estressados por uma pandemia que vem resistindo, creio que por culpa nossa, sobre o Ministério da Saúde brasileiro, e o interino general Pazuello.

Anotemos, primeiro, que em curtíssimo espaço de tempo o Ministério da Saúde teve três titulares, inúmeros pretendentes, terminando por cair nos braços de um general de Exército. O foco das críticas resume-se a) vários ministros; b) o interino é militar e vem sendo mantido no cargo como se efetivo fosse; o MS perdeu o protagonismo e ao que tudo indica vem perdendo a batalha e omitindo resultados.

No curto espaço de tempo da saída do ex-ministro Mandetta, bem como do dr. Nelson Teich, o presidente Bolsonaro vem-se esforçando por escolher um nome para ocupar a titularidade do MS, e parece infrutífero o seu esforço. O fato é que os debates sobre a o interino e a vacância, e nomes insinuados, tem-se olvidado da pergunta fundamental: por que ainda não foi escolhido alguém para o prestigiado cargo de ministro da Saúde? Talvez a pergunta seja também outra: por que ninguém tem pretendido a honraria? Penso que a atitude autoritária do presidente venha sendo o maior empecilho. Após o entra-e-sai, quem de renome quererá assumir um cargo no qual a autonomia é reduzidíssima, para não dizermos nenhuma?

Não concordo que o ministro da Saúde deva ser um exclusivamente um médico. Temos exemplos de alheios à Medicina ocupando cargos de comando da saúde que não têm graduação na área. Para não irmos muito longe, vejamos a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió. José Thomaz Nonô, apesar de não-médico, realiza excelente administração. O mesmo se pode dizer do secretário Estadual. Em suma: a Saúde, como qualquer secretaria ou ministério, necessita é de bom administrador, que se cerque de profissionais competentes da área, e tenha ouvidos para ouvir. Além de que, naturalmente, seja prestigiado pelo mandatário que o chefia. 

Observando-se o governo Bolsonaro é inevitável nele vermos dose avolumada de autoritarismo, à beira do absolutismo. Talvez Pazuello, competente militar, venha se mantendo no cargo em governo assim pelo simples fato que, enquanto soldado, tenha em altíssima conta o que os militares denominam “cadeia de comando”.
Confúcio, o maior mestre da milenar sabedoria chinesa, ensinou, em um dos seus analectos, que “um cavalheiro mostra autoridade, não arrogância; um homem comum mostra arrogância, mas não autoridade”. 

Pensando sobre este ensinamento de mais de dois mil e quinhentos anos, tenho por certo que na política brasileira, via de regra, há apenas homens comuns, no sentido do confucionismo. O presidente Bolsonaro, sem dúvidas, é um desses próceres.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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