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A mancha: jogo de empurra, empurra...

18/11/2019 - 13:32

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Divulgação
Prejuízo na área do turismo é incalculável
Prejuízo na área do turismo é incalculável

Já se passaram mais de dois meses e, taxativamente, ninguém garante que as manchas de óleo encontradas no litoral e rios nordestinos são de responsabilidade de A ou B. A Petrobras, lá no início, foi quem primeiro acenou com a hipótese de o produto ser proveniente da Venezuela, e ainda justifica seu posicionamento com a afirmativa de que a estatal não trabalha com o tipo do produto encontrado em nosso litoral, especialmente, e que o país do Nicolás Maduro é quem tem essa produção em larga escala.

Por sua vez, a Marinha do Brasil, por meio de seus pesquisadores, garante que está correta a linha de informação da Petrobras, e, ainda, já rastreou o navio cargueiro da Delta Tankers, que seria o responsável pelo derramamento do óleo, que mais parece um produto plástico, tóxico, que já ultrapassou a 4,5 toneladas retiradas das areias e das águas do Nordeste. O Tankers tem capacidade para 85 toneladas e que teve problemas durante sua viagem da Venezuela, passando pelo continente africano, pelos Estados Unidos, onde ficou retido por quatro dias, seguindo viagem para seu destino final, a Grécia.

A Polícia Federal, na sua linha de investigação, já ouviu diretores da representação da empresa no Brasil, que desmentem qualquer tipo de envolvimento com o fato e garantem que o Delta Tankers fez uma viagem sem problemas e que os poucos incidentes durante a viagem, não tem nada com as manchas de petróleo encontradas, sem derramamento do produto em águas brasileiras, mesmo que as evidências mostrem o contrário, até agora. A Polícia Federal e a Marinha do Brasil pedem ajuda de organismos internacionais para encontrar as verdadeiras causas e as punições cabíveis para o caso.

Feitas estas colocações, pergunto: neste empurra, empurra, quem está com a razão? O primeiro a dizer que a mancha negra era proveniente da Venezuela foi o presidente Jair Bolsonaro. Claro que ele disse isso, porque alguém disse a ele, antes do assunto chegar a mídia, consequentemente a população. Achei, na época, uma temeridade, visto que o Brasil não se entende com o país de Nicolás Maduro. Mas, alguém disso, e o presidente repercutiu, como é próprio do Bolsonaro. Depois, o quadro foi se agravando, saindo do estado da Paraíba e ganhando todo o Nordeste, inclusive a nossa Alagoas, que ainda sofre lá para as bandas de Coruripe, Piaçabuçu, Feliz Deserto, Barra de São Miguel, São Miguel dos Milagres e Maragogi. Até o momento, sem muitas consequências, Maceió ficou livre desse desastre ambiental.

Há quem duvide de onde saíram essas manchas negras. Já ouvi de muita gente, leigos no assunto, que o produto derramado não é do navio grego. Que, mesmo a Petrobras afirmando que só a Venezuela produz tal produto estranho, pode não ser de lá. Outros afirmam que, como a costa nordestina é cheia de sondas de petróleo, inclusive em alto mar, e que ainda tem a história da camada do pré-sal, ou seja, muito abaixo das zonas de exploração, e que todas os estados atingidos produzem petróleo, pode ser coisa daqui mesmo, o que não acredito, já que foi divulgado que não temos esse produto que está contaminando as nossas praias e rios. Ou temos?

Pergunto: até quando vamos ficar com essa dúvida. A situação é muito complexa, técnicos, cientistas estão buscando essas informações e só espero que não deixem isso para lá. Lamento que a natureza esteja sendo maltratada, peixes e outras espécies estejam morrendo, pessoas que estão sem trabalhar e o prejuízo na área do turismo é incalculável. Até quando vamos ter que esperar?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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