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Perguntas que inquietam

10/09/2019 - 15:56

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Eleitor
Eleitor

É da natureza do eleitor, de qualquer lugar deste País ou d’alhures, confiar nos governantes por ele eleitos. Ou melhor, o voto é a manifestação cívica de confiança que muitas vezes gera em nós a relutância em enxergar a verdade da prática política, em desanimar da nossa escolha. A isso pode-se chamar teimosia, mas no fundo é a vergonha de reconhecer o erro da nossa preferência política. Há, também, uma tendência quase que generalizada, de acreditar nas autoridades constituídas, mesmo que não tenham sido elas nossa escolha preferencial, principalmente quando estamos fragilizados. É o que se pode chamar de esperança na solução dos nossos problemas, enquanto sociedade civil. A psicologia, se não o fez até então, deveria cuidar do tema.

Essa abertura meio pomposa serve de nariz-de-cera para abordagem, mais uma vez, do caso dos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. Malgrado não mais resida na área condenada pelos malfeitos da Braskem, tenho amigos que lá ficaram, e outros que embora tenham procurado abrigo em outras localidades, manifestam a vontade de retornarem aos seus imóveis, abandonados após as notícias alarmantes proclamadas pelas autoridades municipais e estaduais, e até federais, considerada aqui a atuação da CPRM, ou Serviço Geológico do Brasil. Os que ficaram, vivem o dia a dia dos temores resultantes de explicações inconclusivas e, vê-se agora, de aparência oportunista e nada séria, ou também ausências daqueles que juraram defender e bem servir Município e Estado. Os que voltam aos bairros veem apreensivos, mas compelidos a garantirem os seus imóveis; os que nãos voltam, esses, como todos, vivem o temor de perderem definitivamente os bens adquiridos com sacrifícios de toda uma existência.

O fato é que as coisas pareciam equacionadas dentro do possível, a aparência de que os organismos públicos estavam a defender os interesses dessa parcela significativa da população maceioense. O prefeito, ao contrário do governador, parecia ter afinal acordado da madorra e arregaçando as mangas, saído em defesa barulhenta dos munícipes. Declarações foram dadas à imprensa; pressões foram ditas exercidas sobre a principal causadora do desastre anunciado; verbas destinadas à relocação dos moradores foram apregoadas; a miséria de um aluguel social apresentada como apoio solidário aos atingidos pela quase catástrofe. Agora parece que as coisas mudaram, o prefeito apregoando que trará novamente a CPRM para um reestudo da situação dos bairros.

O que mudou? Há a perspectiva de uma catástrofe, ou tudo não passava de jogo de cena por mais verbas públicas que parecem não ter vindo a contento? A Braskem afundou os bairros ou não? As pessoas devem estar seguras quando voltarem, ou viverão a inquietude das notícias, declarações e comentários desastrosos e desastrados? Por fim, cadê a seriedade que se espera dos gestores da coisa pública.
Essas perguntas, espera-se sejam respondidas com clareza pelo prefeito, pois o governador, esse de há muito cruzou os braços e parece nada propenso a atuar sua autoridade contra a empresa causadora do eventual desastre.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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