colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

É difícil ser vice...

08/08/2022 - 14:15

ACESSIBILIDADE


Tenho acompanhado a luta dos candidatos à Presidência e ao governo dos Estados para arranjar um vice. Poucos querem ser a segunda pessoa.

Tive duas experiências nesse sentido. Uma positiva e outra negativa. Fui vice-presidente do Sindicato da Assembleia, com meu amigo Luciano Aguiar na presidência. Dividimos as funções e nos demos bem demais. Ele ficou com a área política e eu com a administrativa. Ainda hoje, muitos anos depois, continuamos amigos.

A outra experiência foi como candidata a vice-prefeita. O candidato a prefeito não me dava o devido valor, fazia reuniões sem a vice e deixou para mim o maior abacaxi da campanha: cuidar dos candidatos a vereador sem nenhuma verba. Nas gravações para a TV só apareci uma vez. Depois desse período, tomei raiva de política.

Um exemplo do assunto em tela é o caso de Ronaldo Lessa. Um bom político, foi prefeito de Maceió, governador de Alagoas e, não sei porque, foi perdendo a força política. Tornou-se vice do Prefeito JHC. Desde o início do governo, fomos notando divergências entre os dois: Ronaldo não conseguiu encaixar Kátia Born na Prefeitura. Finalmente, agora, em 2022, explodiram as diferenças e o político antigo, Ronaldo Lessa, vai ser vice de Paulo Dantas. Na minha opinião, JHC deu um tiro no pé por excesso de vaidade. Espero que com os Calheiros o possível vice-governador seja valorizado.

Acompanho, de longe, o Governo Bolsonaro. Vejo, nitidamente, que alijou o seu vice. O general Mourão é um homem digno, nunca falou mal do presidente, engoliu os filhos dele “a seco”. O pior que achei foi o Mourão ser designado para cuidar de queimadas, extração de madeira e garimpos ilegais na Amazônia, sem verba, sem apoio suficiente. Um castigo! O presidente já escolheu um novo vice e nem falou no Mourão, que deve ser candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Eu, se fosse ele, iria para casa, curtir sua reserva com dignidade.

Em São Paulo, a Marina Silva foi convidada para ser vice de Haddad. Político tem memória curta: a ambientalista foi vítima de ataques e perseguição por parte de Lula e do Partido dos Trabalhadores.

Quem não de lembra do que os Calheiros fizeram com o Luciano Barbosa, vice de Renan Filho? Perseguiram o moço e sua família. Ele se irritou, candidatou-se à Prefeitura de Arapiraca e venceu com facilidade. Conheci Luciano Barbosa no governo de Divaldo, quando veio de fora para coordenar o Plano de Demissão Voluntária do Estado de Alagoas. Técnico de qualidade, enfrentou políticos que queriam enxertar o PDV com pessoas estranhas ao quadro de pessoal do Executivo e do Legislativo. Saiu-se bem, concluiu seu trabalho e resolveu ser político. Hoje, só sei dele pela mídia.

A briga pelos vices continua. Collor, até 2 de agosto não tinha definido seu companheiro de chapa. Rodrigo Cunha deve ter como vice a deputada Jó Pereira, mulher dinâmica, de família política. Deveria ser candidata a governadora de Alagoas. Posso estar enganada, mas se encabeçasse a chapa seria bem melhor. O Rodrigo anda meio perdido como senador.

Até o dia 5 de agosto, os partidos políticos tiveram que decidir seus candidatos. Haverão mais mudanças. Foram definidos muitos nomes. Eleitores já podem começar a escolher em quem vão votar.

Repararam que nas propagandas eleitorais o nome do vice é bem pequenino? Acho que é proporcional à importância dada pelos cabeças de chapa aos seus vices. Depois de eleito, o pobre coitado só serve para substituir o dono do cargo em suas ausências, como simples objeto de decoração.

Quando a chapa é derrotada, o vice fica sem mandato e sem emprego. Corre o risco de ser processado por qualquer bobagem que tenha praticado.

É preciso ter muito cuidado quando resolver ser vice de alguém. Depois de eleito, o governador ou o presidente começa a alijar o vice. Dois exemplos vivos que cito hoje são Mourão e Ronaldo Lessa.

E não precisa dizer mais nada!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato