colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Lembranças dos que se foram...

03/08/2022 - 16:17

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Ficar velho nos dá a chance de ver os amigos irem embora e ficar na fila sem saber quando será chamado por Deus.

Na turma de militares de meu marido, os oitentões estão falecendo. Neste ano de 2022 foram vários, mas o mais próximo de nós foi Nilo, casado com a Hyla, residente em Fortaleza. Amigo querido, acolheu meu filho João no período em que estudou em Resende – RJ. Foi ele quem comunicou ao cadete Romariz que o tio Abrahão havia falecido em Maceió. São lembranças tristes a nos acompanhar sempre.

Conhecíamos um casal que vivia muito bem e que, como nós, perdeu um filho. Andavam juntos, eram excêntricos, mas eram apaixonados um pelo outro. O Petrúcio Dragão faleceu e a Telma foi logo depois; creio que em menos de um ano. Deus está cuidando deles!

Tivemos a honra de ser aluna do “velho” Instituto de Educação, na Rua Barão de Alagoas e no Farol. Nossos professores eram catedráticos, defendiam tese no concurso público antes de lecionar. Grande maioria deles já faleceu. Mas de alguns me recordo com muito orgulho. Hilarina Paes, professora de matemática, da 3ª e 4ª séries do ginásio, equivalentes aos atuais 8º e 9º anos; competente, honesta e exigente. Na mesma área, fui aluna do professor Benedito Morais nos três anos do científico (atual curso médio); excelente mestre, duro com os alunos, mas suave nas provas: se a resposta das questões não fosse um número exato, a resolução estava errada. Todos dois já se foram!

Em outras matérias também tive a honra de ser aluna de Teonilo Gama, Dorotéia Carneiro, Padre Teófanes, Milton Gonçalves e outros. A maioria já está em outro plano!

Uma grande perda na minha vida foi minha amiga Elaine Passos Tenório. Casamos bem perto uma da outra, tivemos quatro filhos e amamos nossos maridos. Mulher dinâmica, inteligente e suave. Ainda hoje me lembro de nossos papos. Abordávamos todos os assuntos com seriedade e eu tinha na “Laine” uma excelente conselheira. Deve estar num bom lugar!

Na família, minha maior perda foi meu pai João Romariz. Homem que viveu à frente de seu tempo; tinha uma bela visão do futuro e, ainda hoje, seus conselhos ressoam em meus ouvidos.

De meu lado e do lado de meu marido perdemos vários familiares, alguns precocemente. Quando acontece a ida de um parente querido, nossas estruturas se abalam e precisamos de muita fé para recuperar a sanidade mental. De todos eles ficam lembranças boas ou ruins, mas sempre fica algo.

Meu pai teve um grande amigo que foi professor primário e deputado estadual por Penedo. Fatos marcantes aconteceram entre os dois. Meu pai foi primeiro, Bonifácio Bezerra foi depois. No entanto os filhos de ambos foram marcados por bons exemplos.

Quando faleceu meu tio José Romariz que morava em Brasília, vi meu pai passar a noite chorando, numa cadeira de balanço. Eram muito unidos e sofreram bastante desde a tenra infância. Difícil esquecer os dois!
Estou tentando passar para meus leitores a falta de preparo que temos para lidar com a morte. Para onde vamos? Quem nos acolherá? Haverá vida após?

O mais importante é lembrar das pessoas queridas pelo legado que deixaram. Foi uma boa pessoa, criou bem seus filhos, ajudou o próximo quando teve oportunidade?

Se fosse falar em políticos falecidos, gostaria de lembrar Getúlio Vargas, Ulisses Guimarães, Mário Guimarães (ex-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas) e alguns poucos.

Mas amigos, não queiram estar no lugar de uma mãe que perdeu um filho. Não há dor maior, não há pranto mais sufocante, não há senão uma grande vontade de ir com ele. Infelizmente, a mãe tem outros filhos, tem marido e por causa deles precisa continuar vivendo.

Meu indelével respeito aos que se foram.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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