colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Deus levou meu filho João

24/05/2022 - 12:11

ACESSIBILIDADE


Ele era um menino loiro, cheio de vida, alegre, de bem com todos. Sempre levado, mas conquistava amigos.
Nunca foi muito estudioso e para compensar, seus pais eram exigentes, acompanhando de perto os estudos dos quatro filhos. Adolescente, foi matriculado no Colégio Militar do Recife e aos dezessete anos ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras em Resende – RJ; foi declarado Aspirante a Oficial em 1988. Casou-se muito cedo e teve dois filhos. Num segundo casamento foi pai de mais um filho e quando Deus o levou, deixou três filhos e uma neta.

Teve uma boa infância, morou em diversas cidades de nosso imenso Brasil. Alguém sempre tinha uma boa história para contar do Coronel Romariz. Dava conselhos aos seus subordinados e tratava todos do mesmo modo. Era amigo do Sargento e do General com a mesma atenção. Não suportava injustiças, nem perseguições.

Em criança, morando em Garanhuns – PE, organizava jogos de futebol com os colegas residentes na Vila Militar, filhos de Praças e Oficiais. Algumas pessoas ignoravam porque ele era amigo de todos. Chegava em casa horrorizado, me contando. Eu sempre dizia: Continue agindo assim; todos são nossos amigos!

Em Maceió, onde passávamos férias, juntava-se aos primos para fazer traquinagens. Certa feita, encontrei-os tomando banho na Fonte Luminosa da Praça dos Martírios e dei banho de álcool nos pequenos “maloqueiros” ao voltarem para a residência do meu sogro.

O herói da vida dele era o irmão, Rubiãozinho, o Boncho, como a família o chamava. Havia uma diferença de dois anos entre os dois. O mais velho era muito danado, e não deixava o mais novo correr perigo. João chegava em casa chorando, brabo, e dizia: “O Boncho me mandou voltar”.

Quando morava no Rio, já casado, o irmão adoeceu e precisou de sua ajuda. Cuidou do Boncho, socorreu-o nas situações mais graves, com amor e carinho. Ligava para os pais e comunicava os fatos acontecidos.
No Exército foi querido por colegas e subordinados. Meio duro com erros cometidos, mas com um enorme coração na hora de punir.

Foi para Angola com a Força Internacional de Paz e sempre que me encontrava com companheiros da mesma missão, só ouvia elogios. “Seu filho é um homem bom”, diziam eles. E eu me enchia de orgulho.
Pelo coração que possuía, confiava demais em todas as pessoas. Se fosse alertado para o perigo, ria e dizia que nós, da família, estávamos enganados. Quando levava a bordoada, ria, acrescentando: “Mãe, bem que você avisou!”

Tinha uma piada para qualquer situação. No hospital já bem doente, falava ao telefone: “Mãe, estou esperando o “Disque Fígado”! E ríamos juntos!

Foi um bom pai, coração mole com os filhos, mas muito querido pelos três e pela neta. Orientava, ajudava e era rigoroso de vez em quando. Quando errava com eles, pensava logo em corrigir depois.

Amava os pais e constantemente vinha visitá-los. Os empregados que trabalham no Paraíso da Vovó Alari gostavam dele, respeitavam-no e ouviam a séria recomendação: “Tratem meus velhos muito bem e se precisarem de algo, podem ligar para mim”.

Em seis meses de doença, recebeu das irmãs e do irmão tratamento gentil e carinhoso. Brincava com eles dizendo que não estava sendo bem cuidado.

Sua esposa, Pollyana, foi um anjo bom na sua vida e durante esses últimos meses, desdobrou-se para que o marido fosse bem tratado nos hospitais.

Não entendo porque Deus chamou neste quinze de maio, aos 54 anos, um filho querido, um irmão amoroso, pai excelente, bom esposo. Ele merecia ficar mais tempo conosco.

Mas, segundo pessoas de muita fé, Deus teve suas razões para levar o meu João. Ficaremos nós tristes, desolados, saudosos.

Repito sempre: Ele existe. Não duvidem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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