colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

A velhinha e o menino

08/09/2021 - 08:43

ACESSIBILIDADE


Estávamos já pelo ano de dois mil e qualquer coisa, quando foi eleito um jovem para governar Alagoas. Fiquei meio assustada por imaginar tamanha responsabilidade para um rapaz tão novo.

Só que não atinei para a formação política do moço, oriundo de uma família essencialmente entrosada na política das Alagoas. O avô foi prefeito de Murici e é sempre lembrado como um homem de bem. O pai foi líder estudantil, deputado estadual, federal e chegou à presidência do Senado. Tios e primos também exerceram vários mandatos.

Vamos dar uma chance a ele, pensei. Veremos como escolherá seus assessores. Claro, foi respeitado o jogo dos votos. Amigos, saídos vitoriosos nas eleições, foram escolhidos ou indicaram secretarias.
Na Fazenda, veio alguém de fora para chefiar uma boa equipe da principal área do governo. A princípio, imaginei: Por que não escolheu um dos técnicos locais? Precisava trazer alguém de tão longe? Mas, hoje, acho que fez bem. Temos um bom secretário da Fazenda.

O tempo foi passando e o menino foi mostrando que era sabido. Não atrasou pagamentos do funcionalismo público, mas dava muito valor ao Legislativo, concedendo vários reajustes abaixo da inflação.
Um grave erro dele foi retirar do Alagoas Previdência um alto valor que lá existia, para pagar o décimo terceiro salário dos servidores públicos. Fez isso, devidamente autorizado pelo Legislativo. Não sei se devolveu à Previdência o valor retirado.

Não soube aproveitar o vice-governador, figura que conheci na época do Plano de Demissão Voluntária, recomendado para função por ser um bom técnico. Romperam no início do segundo mandato. Arapiraca, o segundo reduto eleitoral, foi perdido para o atual prefeito.

Eleito com facilidade pela segunda vez, continuou sem atrasar o pagamento do funcionalismo. Entretanto, em maio de 2020, em pleno ano de eleições municipais, cometeu o maior erro de sua gestão: baseado em lei federal, passou de 11 para 14 % o desconto da Previdência, modificando assim o cálculo salarial dos servidores mais humildes, que só descontavam pelo que recebiam acima do teto do INSS. O governador baixou tal quantia para um salário mínimo. Os inativos de menores proventos foram prejudicados.

Por conta disso, o pobre menino perdeu a Prefeitura de Maceió. Um escândalo! Pouco tempo depois, o secretário da Fazenda veio a público e admitiu o fato. “Vamos corrigir”, disse. Só que demorou 14 meses para tal correção e gerou outro problema: os prejudicados querem o dinheiro de volta.

Sabido, ele pensou em fazer algo que pudesse compensar a perda dos servidores. Concedeu um reajuste de 5,19% e pagou tudo num só mês. A categoria, triste com os 14%, ficou um pouco mais feliz com o novo aumento.
Até aqui apenas falei da área dos servidores públicos. Mas, o moço inteligente tem executado obras na saúde, nos transportes e na educação. Está em plena campanha, percorrendo o estado todo, tentando recuperar as prefeituras perdidas.

No momento atual, o funcionalismo recebe o salário no mês trabalhado e já apareceram vários concursos que se realizarão ainda este ano.

Na pandemia, teve um bom comportamento, publicou decretos de restrição, contra as aglomerações e tentou vacinar a população dentro do que era estabelecido.

Há rumores de que poderá sair vice na chapa de Lula. Na opinião dessa pobre velhinha, é tolice. Pode ficar sem mandato; mais viável é sair candidato ao Senado.

Por tudo que o menino fez pelo funcionalismo, votei nele no primeiro e no segundo mandato; pesando o lado bom e o lado ruim, o resultado foi positivo.

Ainda falta algum tempo para deixar de ser o governador de Alagoas. Daí, porque insisto: Não faça bobagem, menino!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato