colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Uma pobre mortal!

20/08/2021 - 17:59

ACESSIBILIDADE


Convivi durante muitos anos com políticos alagoanos que se achavam famosos. Quando eles se elegem são mordidos pela “mosca azul” e ficam fora da realidade. Tentar falar com um deles é quase impossível. Só se houver um encontro casual no aeroporto ou em alguma festa. Assim mesmo, ele pode se trancar na sala VIP destinada às autoridades.

Trabalhei durante quarenta anos no serviço público e sei bem o que é tratar com donos de mandato. Já ouvi um desses monstros da política dizer a um amigo meu: “Sou deputado e você apenas um funcionário”! Claro que tirou a diretoria do pobre coitado.

No Judiciário não é diferente. Para conversar com um desembargador é preciso recorrer a alguém que o conheça. Mesmo assim, a espera pelo atendimento é longa. Alguns são velhos conhecidos nossos, mas se esquecem disso. Atender telefone é uma demorada novela. Dificilmente a criatura consegue a comunicação desejada. A salvação de um coitado qualquer são as redes sociais. No momento atual, as grandes autoridades do país querem dificultar o acesso ao Facebook, Instagram, WhatsApp e outras mais. Entretanto, sou Maria Teimosa, irmã do João Teimoso.
Em 2019, fui vítima de um grande acidente de automóvel. 

O atendimento por parte de um bacharel em medicina foi péssimo, com direito até a tapas nas costas. Pois bem, coloquei o fato no Facebook e ele entrou na Justiça contra mim. A juíza não me ouviu, nem as testemunhas. Só agora soube que, apesar de ter sido mal atendida e levar tapas nas costas, fui condenada. Todos acharam estranho e recorri da injustiça. Pois bem, a juíza em tela era casada com uma pessoa, a quem eu há muito tempo havia feito críticas em um artigo. Nem me lembrava mais do fato. Eis aí o motivo real da condenação. E agora? O que a velhinha pode fazer?

Um político que sempre me atendeu e ajudou o Sindicato da Assembleia foi Divaldo Suruagy. Eu era presidente da entidade e ele governador. O presidente do Legislativo naquela época ficava irritado quando me encontrava no Palácio dos Martírios, mas não evitou que eu recebesse ajuda do meu amigo. Deu o tenha em bom lugar.
Outras grandes injustiças são cometidas pela Mesa Diretora do Poder Legislativo com os pobres velhinhos, inativos da Assembleia. Vez em quando levamos boas pauladas e nem sabemos a causa. Se encontrar o dono da Casa de Tavares Bastos, nem saberei quem é, mas o sofrimento é grande e a Justiça é lenta.

Lá de Brasília vêm tristes notícias para os servidores públicos. Os sindicatos se movimentam, o povo reclama, mas os gestores federais não escutam! Querem acabar com o concurso público e a estabilidade dos servidores. Consequentemente, aumentará o número de funcionários comissionados e se duvidarmos, oficializarão as “rachadinhas”. Não se assustem com nada que venha de lá de cima!

Fui vítima de outra injustiça na Vara de Família. Consultei vários advogados que me dizem: “Se judicializar o caso, a pensão de seu familiar será suspensa, enquanto a ré estiver em julgamento”. Aí, o coração da “Velhinha das Alagoas” grita ansioso: Calma, deve haver outras soluções; pense bem.

A vaidade de um amigo criou outro problema. Como uma simples moradora de condomínio pode conceder entrevista à TV Gazeta de Alagoas, denunciando ter sido vítima de uma construção ilegal ao lado de sua casa? Irritado, o gestor do condomínio reagiu aos gritos, deseducadamente, faltando com o devido respeito que caberia na análise do fato.

Assim, meus amigos, vamos levando a vida, aproveitando os bons momentos, administrando os problemas, sem deixar de ser uma idosa de 80 anos lutando pelo que é correto e socialmente justo.
Apenas não foi sabida o suficiente para ser uma grande autoridade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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