colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Semana da mulher

22/03/2021 - 20:52

ACESSIBILIDADE


Quando Deus fez o homem e a mulher, com certeza estabeleceu o papel de cada um. Duranteséculos se discute a injustiça praticada com a famosa Eva. Tenho a ilusão de achar que um precisa do outro, mas podem viver sozinhos.

Conheço famílias onde as mulheres são mais fortes e outras onde a força fica nos homens. São casos interessantes, alimentados pela criação dos pais. Temos uma tia que ficou viúva com oito filhos, um deles com dois meses. Criou todos com muita dificuldade, está viva, com 94 anos e todos os filhos vivem bem. Mulher desse tipo é difícil de encontrar!

Minha mãe era uma mulher bonita e frágil. Casou aos 17 anos e sempre viveu dependendo de meu pai, mas tinha opiniões fortes e nos educou mostrando a realidade da vida. Era uma cobra valente quando se tratava de defender os filhotes. Ardorosa defensora da regra da boa vizinhança e do respeito aos mais velhos.

Minha sogra era uma mulher forte; educou nove filhos com muita sabedoria. Alimentou muito a força dos filhos homens e passou para as mulheres o exemplo de ser valente e não depender dos maridos. Sempre conversei muito com ela e me divertia com suas saídas filosóficas. 

Nossa família é muito numerosa e dela tirei vários exemplos: do homem que teve várias mulheres, criou alguns filhos e no fim da vida, na UTI, todos estavam cuidando dele. Vários nem conviveram muito com ele, mas mantinham pelo pai um certo respeito. De suas mulheres, a primeira foi a mais sabida: com a separação, foi estudar e trabalhar. Manteve os filhos com a ajuda da família do marido e, diria, é uma vencedora.

Quando morei na Vila Militar do Farol, tive uma lavadeira trabalhadora, dinâmica, que tinha vários filhos. Uma vez fui à sua casa e fiquei impressionada: as toalhas de mesa eram feitas de pano de saco e bordadas, bem alvinhas, numa casa pobre, mas bem limpa; e ela só vivia rindo. Em determinada época encontrei com um filho dela, sociólogo, num movimento de grevistas. Outra lavadeira veio me pedir empego, mas tinha dois filhos pequenos e não tinha com quem deixá-los. Eu tinha três pequenos e não via como aceitá-la. Tente. Pediu-me ela. Chegava com as duas crianças, que ficavam no quarto de empregada, dentro de uma caixa de papelão. Um
belo dia, ouvimos gritos e choros. Deparamo-nos com uma cena divertida: meus dois filhos de 5 e 3 anos dentro da caixa com os dela de 2 e 1 anos. Ela agoniada, repetia: “Dona Alari seus filhos pularam a janela!”

Uma colega da nossa Assembleia Legislativa era separada de um marido louco e desempenhava um elevado cargo na Casa. Mudou a Mesa Diretora e o presidente, um político famoso, chamou-a para praticar atos administrativos ilegais. Ela disse que não faria, porque eram irregulares. Ele afirmou que não pediu e sim mandou que fizesse. Não fez e perdeu a comissão. Ficou reduzida a trinta por cento do que recebia, mas resistiu. Aí começou a fase do enxerto na folha de pagamento. 

Falar de mulheres corajosas é muito bom. Entretanto, conhecemos ou já ouvimos comentários sobre criaturas estudiosas, dedicadas a belas profissões. Durante a pandemia, são várias as entrevistas de médicas combatendo esse vírus que tenta se alastrar pelo mundo inteiro. Nossos respeitos às cientistas, pesquisadoras, infectologistas, enfermeiras e todas as outras profissionais da área de saúde. Expõem suas vidas para acabar com o triste mal.
Em todas as áreas ouvimos falar de mulheres que se destacam trabalhando sem necessitar da ajuda do homem. Ainda lutamos por salários iguais e por outras vantagens que não nos concedem. Contudo já provamos que em concursos públicos nos saímos melhor; somos maioria.

Quero, no entanto, como mulher que sou, deixar uma mensagem para as Evas de todo o Brasil: não se preocupem apenas em competir com os homens. O importante é desempenhar seu papel feminino com abnegação, esforço e disciplina.

O resto virá com o tempo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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