colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Receita Difícil

24/11/2020 - 15:08

ACESSIBILIDADE


A maturidade me faz lembrar experiências passadas durante a educação de quatro filhos. Muitas vezes pensava estar certa e, depois de algum tempo, constatava o erro.

Colocar pessoas no mundo nos impõe a obrigação de prepará-las para o futuro. Como dizia minha mãe: “Elas não pediram para nascer”. Logo, vamos ajudá-las a conhecer a realidade de um mundo desconhecido.
Quando criancinhas, dependem inteiramente dos pais. As mães novinhas brincam de boneca com seus bebês. As mais experientes lutam com mais sabedoria e têm mais chances de acertar.

E lá se vão os filhos crescendo e tropeçando nas pedras da vida. A ida à escola é a primeira grande experiência de convívio com criaturas diferentes, de famílias estranhas. Saem do ambiente familiar para outro, cheio de amigos distintos.

Casada com militar, mudava de dois em dois anos para outras cidades: novos amigos, diferentes ambientes. Cheguei à conclusão de que as crianças iam amadurecendo com tantas mudanças, conhecendo pessoas novas na escola e nas vilas militares.

Apareceu, então, a terrível adolescência: os jovens começam a pensar que podem tudo e passam a enfrentar os pais. Período difícil, de rebeldia e enfrentamento, apesar de serem totalmente dependentes dos genitores. Certa vez, uma filha me disse: “Mãe, deixe-me aprender errando”! Retruquei: “Você não é filha de chocadeira; tem pais para lhe orientar”.

A rebeldia começa aos onze, doze anos. Se os pais alimentam o ego do pequeno monstro, perderão o controle sobre ele quando chegar aos quinze, dezesseis anos. O pior de tudo é a mentira e a fofoca. Esta é a época de cortar as asas do quase adolescente. Se os pais deixarem passar esta fase sem correção, tudo estará perdido e o pobre coitado terá a rejeição de todos.

Chega o tempo do ensino superior e aos dezessete anos poucos sabem o que querem. O vestibular no Brasil é um processo difícil e contraditório. Se um jovem do Nordeste consegue passar numa escola de outra região, como os pais irão sustentá-lo? Outro é aprovado numa faculdade particular, cuja mensalidade é de sete mil reais. Poucos responsáveis podem pagar preço tão alto. É confuso!

Anteriormente, cada estado tinha seu vestibular e só ia estudar fora quem podia ou quem queria. Muito mais prático! Só os meninos e meninas, cujos pais tinham posse, iam para lugares mais adiantados. Pela lógica, depois de formados e com trabalho garantido, os jovens pensavam em casar. Doce ilusão! Hoje, tudo começa pelo fim! Ainda bem o namoro não começa, o casal já vive junto, ou mais duramente, já dorme junto. Se a experiência não der certo, parte para uma nova, deixando, às vezes, um bebê, fruto de um amor interrompido.

Nesse caso, os pais já nada podem fazer. Acompanham tudo de longe, ou de perto, se a filha voltar para casa. Rezam para que tudo dê certo.

Em meio a tudo isso, há o problema das drogas que começa na adolescência e adoece a família inteira. O importante é educar os filhos dentro das regras da vida e pedir sorte a Deus.

Não existe receita certa, caminho legal a ser seguido. O bom senso deve prevalecer, mas de vez em quando algo diferente acontece e a família precisa administrar o problema. Não adianta “chorar o leite derramado”; é levantar a cabeça e seguir em frente.

Conheço pais sofridos, com filhos drogados, outros que não quiseram estudar e lutam por empregos menores. Não insista na tecla: “Eu avisei”! É dar apoio e partir para novas experiências.
Receita para criar filhos inexiste. É procurar o caminho do bem e pedir sorte a Deus.
Ele existe! Não duvidem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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