colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Os mistérios da política

19/10/2020 - 13:47

ACESSIBILIDADE


Vivo sempre analisando os acontecimentos da vida. Pessoas que viveram tão bem e hoje passeiam pelo comércio com uma bolsinha embaixo do braço. Outras que costumeiramente estavam na sombra dos políticos e, no momento atual, querem dominar grandes áreas do estado.

Espantada, vi hoje na internet o MDB se aproximando do Bolsonaro. São homens acostumados a ser governo. Não conseguem conviver com a oposição. É a sede do poder!

Outro susto que tomei: o vice-governador de Alagoas afastou-se dos Calheiros. De repente, sessenta pessoas ligadas a ele foram demitidas de cargos estaduais. É impressionante como a política inutiliza as pessoas. São centenas de cabos eleitorais ligados a políticos que vivem, de boca aberta, esperando um lugarzinho ao sol. Não são feitas nomeações pela capacidade do indivíduo. O que vale na política é o QI (quem indica).

Lembro-me de uma criatura ligada a um senador alagoano já falecido. Era a sombra do político. Até a morte do tal assessor, quando o encontrava na rua, só falava no patrão. Nunca conseguiu ser ele próprio. 

Certa feita, encontrei-me num banco com um assessor de um deputado. Abriu a pasta e mostrou-me cheques, cartões, e mais algumas coisas. “Sabe, Dona Alari, sei tudo da vida do Fulano. Ele só confia em mim”. Pobre coitado, esqueceu-se de ser uma pessoa independente.

Sem falar nos “bobos da Corte”. Vivem contando piadas e inventando histórias para agradar o chefe, dividindo o salário deles com outros ou devolvendo ao patrão parte do pagamento mensal. Quando vejo o povo do Brasil todo falando em “rachadinha”, minha cabeça ferve. Há mais de dez anos existe tal procedimento em Alagoas e até hoje ninguém foi punido.

O Brasil é um país cheio de altos e baixos. As jogadas políticas são cada dia mais variadas. Antigamente, era muito comum os políticos serem acompanhados por homens armados, os terríveis seguranças. Atualmente, ainda vemos tal tipo de pessoas em casas políticas, mas os assessores, na maioria dos casos, são cabos eleitorais pagos com o dinheiro público para eleger e reeleger seus candidatos. E o assunto é discutido em locais bem frequentados.

Outro dia, em nossa cidade, num supermercado encontrei um moço que trabalha para deputados. “Meu candidato foi eleito. Vou trabalhar na Assembleia e vou dividir meu salário com dois amigos”. E rindo acrescentou: “Já estou acostumado”! 

Na fila do banco encontramos companheiros comissionados do Legislativo com vários cartões na mão. Fico calada, só observando. Alguns me veem e, assustados, pedem para eu passar na frente deles. Entra ano, sai ano, e não vejo sinais de mudanças. Os candidatos continuam buscando votos da mesma maneira e não aparece ninguém que tenha coragem de denunciar. 

O fato é que não há sinais de melhoras em nosso país. Quando um político se elege pensando em acabar com a corrupção, a grande maioria cai em cima dele, procura fatos negativos em sua vida e, aos poucos, o moço cede, começa a se aliar aos mesmos, voltam os velhos costumes, o povo sofre, e o sistema seleciona as antigas raposas acostumadas a mamar nas tetas do governo.

Estou vendo na TV um alagoano que saiu daqui cheio de processos, de braços dados com o atual presidente. Vejo também, velhos políticos com fichas sujas aliados ao novo governo.

Perdi minhas esperanças de que venham mudanças, pois o velho está voltando com força total, retornando os mesmos candidatos, agora usuários do famigerado Fundo Partidário, criado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Executivo.

Olho pro verde mar de Paripueira e choro de tristeza! Só uma criatura pode salvar o Brasil: nosso Deus!
Ele existe! Não duvidem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato