colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

O futuro a Deus pertence

13/10/2020 - 16:12

ACESSIBILIDADE


O tempo vai passando e vou entendendo os recadinhos que o Homem lá de cima nos manda. Os maiores exemplos estão no campo político. Há pessoas extremamente vaidosas que crescem se aproveitando dos outros e, de repente, tomam um susto, perdem tudo. 

Um colega do Legislativo, moço pobre, de origem simples, caiu nas graças dos gestores da Casa. Subiu rapidamente e foi fazendo que nem o rio de Paripueira: derrubava tudo o que lhe passava na frente. Não adiantava os colegas darem conselhos; bajulava os patrões e pisava nos mais humildes. Num piscar de olhos, desagradou os chefes poderosos que imaginaram: “Ele sabe demais, está na hora de sair”. Corre o risco de não se aposentar por possuir admissão ilegal. A mão de Deus caiu forte na cabeça do cidadão. 

Uma menina nova, bonita, bem vestida, chegava no plenário do Poder Legislativo falando bobagens: “Conheço a vida toda do deputado fulano de tal. Ele só confia em mim”. “Cuidado”! Avisei. “Está pisando em terreno perigoso”! Não deu outra: foi assassinada misteriosamente. O corpo apareceu na Mata do Rolo. Falta de aviso não foi.

Outra companheira, de família tradicional, virou agiota, emprestando enormes quantias a políticos. Vivia fazendo festas para “Cicinho”, “Toinho”, “Zezinho” e outras figuras. Cuidado querida, agiotagem é crime e os parceiros são perigosos, também alertei. Entusiasmou-se, cresceu demais e caiu num buraco fundo, cheio de cobras. Presa, levou um filho com ela e saiu de vítima. A vaidade foi tanta, que ficou surda, ao se empolgar com o lado negativo da sociedade.

Estou vendo agora numa cidade um pequeno empresário querendo ser prefeito. Os amigos aconselham, mostram exemplos de outros que faliram por causa da política. Ele não escuta e vai gastando seu suado dinheirinho, competindo com velhas raposas, de polpudos cofres amealhados em outros “carnavais”. Dificilmente sairá vitorioso e ficará pobre novamente. A vaidade, grande mal entre os candidatos a cargos eletivos, cega as criaturas. Só gostam de ouvir o que é bom. São avisados do perigo que correm e ficam zangados.
O Moro, “mordido pela mosca azul”, deixou de ser juiz para fazer parte do Governo Bolsonaro. Deu-se mal. Perdeu o emprego e ficou desgastado. 

O Alfredo Gaspar deixou o Ministério Público para ser candidato a prefeito, apoiado pelo sistema político das Alagoas. Se perder, talvez “acorde pra Jesus” e veja a bobagem que fez.

Quando era mais jovem, morei no Rio de Janeiro. Passando pelo Aterro do Flamengo, vi um jovem alagoano, de cabelos encaracolados, nos movimentos de rua da UNE – União Nacional dos Estudantes. Cresceu muito, foi deputado estadual, senador, ministro de Estado, presidente do Senado Federal. Fez amigos e inimigos. Levou a família para o famigerado sistema político brasileiro. Caía, levantava, virou o “João Teimoso”. De repente, vejo um vídeo dele na internet: “Estou com um nódulo nos rins e vários outros espalhados pelo corpo”.

Fico pensando: Valeu a pena tanta luta, tanto estresse? Vai terminar numa vala comum, exatamente como um pobre mortal.
É surpreendente ver como os homens e mulheres que se elegem ficam vaidosos, não ouvem conselhos e afastam as pessoas que lhes dizem a verdade. Gostam de ouvir bajulações do tipo: Você é o melhor, o maior, não tem defeitos. Se alguém o alerta para o perigo, vira inimigo.

Trabalhei por vários anos na Assembleia Legislativa de Alagoas e via os assessores bajulando parlamentares e falando mal dos colegas, inventando histórias para agradar os patrões. Vi, até, casamentos dissolvidos por causa do vírus corruptor da política.

Nada mudou! Ainda existem “papagaios de pirata”, auxiliares escondendo pen-drive na roupa para encobrir mazelas de chefes e fofoqueiros de plantão. Só que o fim deles nem sempre é o melhor. Deus está vendo!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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