colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Punindo os velhinhos

31/08/2020 - 13:25

ACESSIBILIDADE


Desde menina ouvia os funcionários, amigos de meu pai, reclamando do governo. Eles diziam que os gestores só pensavam em economizar cortando seus salários e vantagens.

Atualmente ocorre situação idêntica conosco, os inativos do Brasil. Sempre que o governo adota novas medidas de contenção de despesas, redunda em perda salarial para a classe.

Recentemente, com a Reforma Administrativa passamos de 11 para 14% no desconto para a Previdência. O governador de Alagoas achou pouco e prejudicou mais ainda os portadores de doenças graves que abatiam do salário uma determinada quantia e só descontavam sobre o resultado final. Renanzinho, sabido e inteligente, trocou a tal quantia por um valor bem menor. Deu uma pancada violenta nos mais velhos e doentes.
Tenho uma ligeira impressão de que o jovem governador pensa em não ficar velho, nem se preocupa com parentes próximos ficando bem idosos. Vive só por hoje.

O povo de Alagoas deve lembrar que o senador Renan Calheiros, hoje na casa dos sessenta, foi deputado estadual, quando era um homem de esquerda. Pois bem, saindo da Assembleia Legislativa, deixou no quadro de pessoal vários parentes. Prejudicando os servidores do Estado, Renan Filho estará prejudicando seus tios, primos, isto é, várias pessoas de sua própria família. Não ouço nenhum deles levantar a voz para defender a categoria.
Insisto em lembrar ao povo de Alagoas e do Brasil na implicância dos gestores conosco, sofredores públicos estaduais. O Paulo Guedes há poucas semanas chamou-nos de saqueadores. 

Como sou uma pessoa educada e delicada, vou sugerir aos governantes algumas ideias para economizar o dinheiro público: a primeira e mais importante delas é diminuir o número de comissionados nos 3 Poderes. Eles são uma verdadeira mina! E sabem por que? Recebem gratificações, altos salários e dividem o total disso tudo com os patrões. É a célebre “rachadinha”, praticada no país todo. 

Diminuir as variadas vantagens que senadores, deputados, ministros e desembargadores recebem além de seus salários: verba para aluguel, auxílio paletó, ensino, creche, plano de saúde, etc. etc. etc... Cancelando tudo isso e mais o excesso de viagens desnecessárias, cartões corporativos, refeições caríssimas em restaurantes de luxo, seria também uma boa economia.

Reparem com atenção as comitivas que acompanham o presidente nas viagens nacionais e internacionais. Um verdadeiro exagero! Para andar em Brasília são três carros acompanhando o presidente. Estou falando no Bolsonaro, mas o exagero é praticado no Congresso Nacional, nos Tribunais Superiores, nos ministérios.
Por que não economizar nas compras feitas no Supremo Tribunal Federal? Lagosta, caviar, vinhos caríssimos e outros itens para lanche dos ministros, enquanto a grande parcela do povo brasileiro está desempregada, precisando receber cestas básicas?

São vários os caminhos que conduzem à economia da máquina pública, entretanto só se pensa em punir os servidores que mantêm o Brasil nos trilhos. Corta isso, tira aquilo dos pobres coitados e os “donos da casa” usando e abusando das regalias.

Falar em reajuste para a categoria é palavrão. Dão 2,19%, 3,41% e o Imposto de Renda absorve tudo. Enquanto isso, os parlamentares falam em aumentar a verba de gabinete para não alertar a população.
Enfim, o Brasil é um país rico, sofrendo com a ganância dos políticos que apenas pensam neles. O povo só serve para votar; depois disso, vamos maltratar os eleitores e enriquecer correligionários, governantes e empresários amigos.

As maiores vítimas são os inativos que trabalharam 30, 40 anos e hoje sofrem com as pancadas que os governantes aplicam nos velhinhos.

Senhores Paulo Guedes e Renan Calheiros Filho: estudem novas maneiras de economizar. Deixem os idosos em paz!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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