colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Viva o dia do amigo

27/07/2020 - 14:41

ACESSIBILIDADE


O mês de julho sempre foi época de férias. Nossa casa ficava cheia de netos, sobrinhos e amigos. Era uma verdadeira festa, devidamente organizada e havia um lema: “No Paraíso da Vovó Alari nada é de ninguém; tudo é de todos”. Assim, vivemos momentos felizes, levando-nos a conquistar, através dos filhos, a amizade dos pais.Desde a infância, aprendemos ser bom conquistar e ter amigos. Nossa casa no Farol era cheia de crianças e adolescentes. Havia torneios de jogo de botões, futebol, voleibol e tantas outras brincadeiras. Nossos pais achavam melhor que os amigos viessem à nossa casa.

Na juventude conheci pessoas boas, com as quais convivi durante anos e ainda hoje algumas delas se comunicam comigo. Outro dia, uma velha amiga me ligou: “Estou preocupada com você. Dê notícias”. Conhecemo-nos desde os doze anos de idade. Já somos bisavós!

Quando casada morei em vários estados do Brasil e conheci muita gente boa por onde passei. Apesar de ser um pouco tímida, sempre me aproximei de ótimas criaturas e meus filhos foram adquirindo hábitos e amigos variados.

Trabalhei na Febem em Garanhuns. Terra boa, povo acolhedor, comida saudável. Lá, pude conviver com bons amigos. Choramos nossas dores, rimos de nossas vitórias, passamos o elo para nossos filhos. Outro dia, encontrei no Shopping do Recife com uma delas, agora juíza aposentada, por quem nutro um imenso carinho. Deixei também outros queridos amigos naquela terra maravilhosa.

Voltei para Maceió e comecei a fazer sindicalismo. Outra maneira de conhecer pessoas, num ambiente político e heterogêneo. Vi gente de todo tipo e fui selecionando boas amizades. Hoje, trinta anos depois, posso dizer que cultivo carinho, respeito e muito amor num espaço complicado e cheio de obstáculos. Os laços vão se entrelaçando com os familiares e Deus nos dá a oportunidade de conquistar mais e mais pessoas queridas.

Será que durante tantos anos não conhecemos possíveis inimigos? Claro que sim, mas como dizemos na internet, vamos deletando aqueles que são do mal. Em desenho animado, as crianças selecionam artistas do bem. E nós vamos seguindo a ingenuidade delas. São sábias e escolhem sem maldade.

E lá vamos nós para o seio da família. Todos sabem que nos núcleos grandes e pequenos há pessoas de toda qualidade. Descobri, depois de velha, que o fundamental é o respeito. Se assim não acontecer, o remédio é “dar um tempo”. Enquanto isso, pensamos, maturando, procurando ver onde erramos e nos aproximamos dos que nos fazem bem. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Mas o respeito é fundamental.

Vamos transpondo os obstáculos e curtindo os grandes amigos no âmbito familiar. De vez em quando, acordamos lembrando do aniversário de um velho parente. Compramos uma lembrança e vamos vê-lo, abraçá-lo, relembrar os tempos antigos. Nós, de família grande, conseguimos fazer amigos entre os parentes. Sabemos que poderemos contar com eles e vice-versa. Ficamos mais seguras nos atropelos da vida.

Com os casamentos, as famílias se entrelaçam e novos costumes são agregados aos nossos. Uns são chocantes, outros são benéficos. No entanto, a maturidade nos ensina a administrar certos fatos. Vez por outra, perdemos a esportiva e só depois raciocinamos calmamente e caímos na real.

O ambiente mais difícil para fazermos amigos é o político. Voltei para o Legislativo nos anos 80 e resolvi ser sindicalista, já com 40 anos. Aí nos deparamos com sérios problemas e até ameaça de morte. Entretanto foi uma época interessante, tumultuada e bonita. Os dirigentes não estavam acostumados a respeitar os direitos dos servidores. Mas, nós fizemos um grupo forte e enfrentamos os ditadores.

Da minha adolescência gostaria de citar Ana Soriano, representando todas as minhas amigas. Do lado político, meus respeitos a Luciano Aguiar, meu amigo e de minha família.

Difícil é dizer entre meus familiares quem seria meu melhor amigo ou melhor amiga. Mas direi: meu marido, Rubião, companheiro há 57 anos.

Viva 20 de julho, Dia do Amigo!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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