Bons filmes, belas histórias
Sempre gostei de filmes que me fizessem entender o enredo todo: princípio, meio e fim. Atualmente, há películas “sem pé nem cabeça”. Terminam de repente e não se sabe porque.
Uma história recentemente me marcou muito: um casal de idosos, com três filhos e netos. Ela fica de repente esquecida e ele vai morar com ela num asilo. Todos os dias, o marido lia um livro para ela contando uma história, que seria a vida deles. Todos ficavam intrigados, inclusive o médico, sem saber o motivo da insistência do idoso. Ele ainda tinha esperança que ela recuperasse a memória. Nada disso aconteceu, mas ele foi até o fim. Emocionei-me bastante.
O que me choca um pouco é saber que o casamento nos momentos atuais deixa de ser “até que a morte nos separe”. É raro ver dois jovens se casarem e ficarem juntos por muitos e muitos anos. A ideia de separação já vem embutida no matrimônio. Vou dar um exemplo da minha própria família: tenho quatro filhos e dois são separados. O que as mulheres do meu tempo administravam, as mais modernas desistem. Talvez um dos motivos seja a independência financeira das mulheres. O homem não é mais o único provedor da família.
A pandemia está proporcionando tempo, para aqueles que se encontram em isolamento social, de ver mais filmes. Na semana passada vi um bem interessante: um homem maduro vai ao Japão fazer propaganda de uma bebida. Não leva a mulher nem os filhos. Lá encontra uma jovem casada com um fotógrafo, cansada de ficar só num quarto de hotel. Começam a sair juntos e se apaixonam. Mas voltam para suas casas e seus familiares. Foi só um caso de amor entre dois solitários.
Esse filme lembrou-me a vida de transferências que o emprego de meu marido nos proporcionou: moramos em várias cidades por esse imenso Brasil. Nossa lei era de irmos juntos para a nova residência. Nesses trinta anos de vida itinerante, vi muitos casais se separarem. No momento em que chegava a ordem de mudança, o marido ia só. A mulher se ligava em algum motivo e não o acompanhava. Na maioria dos casos, em pouco tempo, eles se separavam.
Vi outro dia num filme a história de um casal que se separou e, depois de algum tempo, houve o reencontro. Os dois namoravam escondido dos filhos, criando algumas situações engraçadas e, no fim, não deu certo.
Procuro trazer a imaginação para a vida real e é interessante. O grande motivo da separação de casais, ontem e hoje, é a infidelidade. As mulheres do tempo da minha mãe suportavam as traições dos maridos, pois não havia divórcio. Conheci homens em Alagoas que possuíam duas famílias e assim criavam os seus filhos. Outros tiveram filhos fora do casamento, que se chamavam bastardos, sofrendo muito preconceito.
No cinema, sempre foi comum a história dos antigos coronéis, com filhos de outras mulheres dando origem a dramas fortes e apaixonantes.
Quantos escândalos vimos e ouvimos de políticos com filhos fora do casamento, as esposas sabem, não se separam e aceitam a traição.
Chocante foi a história de um casal que criou o filho para estudar em Harvard, universidade famosa dos Estados Unidos. Depois de um escândalo numa escola pública, o filho perde o direito de entrar em tal instituição. O pai chega ao ponto de oferecer a esposa a um dos conselheiros para ajudar o filho a ser universitário. Uma vida dedicada ao menino estudioso que não fez o tal curso.
Parece enredo de cinema ou teatro, mas na nossa vida já vimos algo parecido: crianças ricas criadas para serem substitutas do pai na política, na medicina e em outras áreas e nem sempre são bons profissionais. Conheci um médico alagoano, já falecido, que copiava os livros de medicina, pois o pai, funcionário público com mais dois filhos, não podia comprar livros tão caros. E foi um excelente profissional.
Quero deixar bem claro para os meus leitores que a grande maioria das histórias de cinema e teatro é baseada na vida real. Conhecemos casos de separação em Alagoas que chocaram a opinião pública.
Mas como diz a velha canção: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.
Quem somos nós para julgar alguém?
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA