colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Deus existe. Não duvidem

27/05/2020 - 13:43

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Na última semana de abril de 2019, a diretoria do Alagoas Previdência chamou a presidente do Sindicato dos Aposentados do Legislativo para uma reunião de urgência. Lá, foi comunicado à representante da entidade que os inativos da Assembleia Legislativa de Alagoas, isentos do desconto do Imposto de Renda, por serem portadores de doenças graves, teriam seus direitos suspensos até provarem que tinham, realmente, direito à isenção conforme a lei.

Após a fatídica reunião, tiraram foto e colocaram o “sucesso” do encontro nas redes sociais. Foi um escândalo, porque os inativos com doenças graves são pessoas com mais de sessenta anos, algumas das quais nem saem da cama. A folha de pagamento já estava pronta e o corte salarial devidamente sacramentado.

Depois da cacetada que os velhinhos levaram, veio uma nota da Previdência concedendo 30 dias para os aposentados cumprirem determinadas regras. Uma das quais, comparecerem à Perícia Médica Estadual. Só que tal repartição estava em fase de mudança para um prédio em obras. Poucos idosos conseguiram, no prazo de trinta dias, ser periciados. E os cortes continuaram.

Passado o susto e a correria, começamos a pensar na devolução dos valores retirados dos nossos salários. Nossos representantes procuravam o presidente do Legislativo e ele respondia, bem enfático: “Vou devolver; confiem na minha palavra; quando digo, cumpro”.

Os meses foram passando e nada de devolução. Resolvi ir à Receita Federal expor o fato. Conversei com um auditor, que me mandou colocar na Declaração de Rendas de 2019. Expliquei aos diretores das entidades dos servidores da Casa o novo fato. E eles continuavam na esperança de que o deputado presidente cumprisse a palavra.

Antes disso, o Sindicato dos Aposentados entrou com uma ação judicial contra a medida do Legislativo. Em agosto de 2019 foi concedida uma liminar a favor dos prejudicados e até hoje a Mesa Diretora não a cumpriu. O prazo para cumprir uma liminar é de trinta dias.

Passado um ano de sofrimento, de promessas vãs, tivemos, agora, a certeza de que a Receita Federal, neste 29 de maio, isto é, mais de um ano depois, devolverá a parte dos proventos retirada pela Assembleia Legislativa e pelo Alagoas Previdência.

Não se assustem leitores, os aposentados do Legislativo vivem, desde 2015, uma situação inusitada: nem estamos na Casa de Tavares Bastos, nem no Alagoas Previdência. Os gestores brincam com nossas vidas funcionais.
Nessa história complicada que acabamos de contar, ficam várias dúvidas. De início, gostaríamos de saber para onde foram os valores retirados dos proventos de dezenas de idosos, se a verba é específica para pagamentos de inativos? Segundo: de onde partiu a ordem para cortar os valores recebidos mensalmente pelos velhinhos doentes? Terceiro: por que não os chamar antes, pedindo a devida comprovação?

Trabalhei quarenta e três anos no serviço público e nunca vi tanta perseguição com pessoas que trabalharam para o Estado durante mais de trinta anos. É como se houvesse uma raiva reprimida no coração de tais gestores.
Estou levando este fato a público, em meu nome, Alari Romariz Torres, uma das vítimas. Não tenho procuração de nenhum dos colegas.

Minha intenção é que a sociedade alagoana e todas as autoridades competentes tomem conhecimento das ilegalidades cometidas pela Assembleia Legislativa de Alagoas e pelo Alagoas Previdência. Graças a Deus ganhamos mais uma batalha! Ainda não ganhamos a guerra. Falta muito empenho por parte das entidades e dos velhinhos. 

Como sempre tenho dito: Ele existe! Não duvidem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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