colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Vida que segue

11/03/2020 - 13:42

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''Ainda estranho o excesso de desrespeito da turma jovem pelos idosos'', falou a articulista
''Ainda estranho o excesso de desrespeito da turma jovem pelos idosos'', falou a articulista

A velhice chegou. Com ela vem a maturidade, nos dando o direito de examinar com calma os fatos que acontecem perto de nós.

Falando em política, vemos o Brasil complicado, cheio de altos e baixos. Essa semana, um militar do governo irritou-se com as exigências do Congresso Nacional e comentou com outros ministros não aceitar as chantagens dos parlamentares. 

Assustei-me com o fato de, só agora, alguém corajoso trazer o assunto a público.

Trabalhei quarenta e três anos com políticos, ainda convivo em tal ambiente e acompanhei acordos irritantes entre os Poderes. Já citei vários exemplos dessa troca de benesses e hoje falarei de mais um. Certo deputado estadual resolveu ser conselheiro do Tribunal de Contas. Entrou tranquilo na escolha e recebeu a grande maioria dos votos dos companheiros. Ao parabenizá-lo, perguntei: “Foi fácil”? E ele me respondeu: “Custou-me o valor de um apartamento na Ponta Verde”! E rimos juntos!

Sempre que havia eleição da Mesa no Poder Legislativo, a imprensa dizia que os deputados estavam incomunicáveis em determinado hotel. Não conseguia entender por que. Um candidato me explicou: “Eles podem receber uma oferta maior e trocarem o voto”.

As tais emendas parlamentares sempre foram bem negociadas. Elas iam para “fundações” familiares e poucas beneficiavam o povo. De repente, mais que de repente, um corajoso reclamou das negociações.
Para minha tristeza, o Bolsonaro está perdendo tempo, negociando com o Congresso. Com isso, mina a força popular e a corrupção sairá vitoriosa. Os eleitores vão pensar que o general Heleno não tinha razão.
Vi, na imprensa, uma jornalista de oposição, radical, elogiar o trabalho da mulher do presidente. Achei interessante, porque ela, a Michelle, se dedicou ao social e pouco se envolve com as opiniões do presidente e dos filhos.

Vi também uma sigla: “Meu partido é o Brasil”. Gostei e penso da mesma maneira: imaginar sempre o que é melhor para nós todos. Se melhorar o desemprego, se a taxa de juros cair, se a educação caminhar para o lado bom, será positivo para a esquerda e para a direita.

O que for errado deve merecer nossas críticas. Por exemplo: as entrevistas diárias que o Bolsonaro concede, todas as manhãs, ao sair de casa. Não repercutem bem! Os jornalistas se aproveitam, o presidente se irrita, diz bobagens e o resultado é negativo. Até “banana” o presidente já deu aos jornalistas. E não foi a fruta!
Dificilmente, um governo no Brasil é analisado por adeptos do progresso do país. É sempre o esquerdista que não gosta do Bolsonaro, ou um direitista que não simpatiza com o Lula. São paixões políticas que nada acham de bom na oposição ou no governo.

Minha história de vida me leva para o partido de centro. Meu pai era socialista, defendia a participação do governo na vida do povo. Casei-me com militar, convivi com amigos militares e suas famílias. Procurei ver o lado bom dos dois lados. Despertei para a política no governo de Getúlio Vargas e acho que o “pai dos pobres” fez muito pelo Brasil.

O Exército me ensinou muito sobre respeito, hierarquia e outros bons princípios. Claro que vi alguns exageros, mas o saldo positivo era bem maior. Do socialismo, escolhido pelo meu pai, também aprendi muito. Ambos me fizeram criar grande apreço pela democracia, pela liberdade de expressão.
Passei para meus filhos o respeito pelo outro, principalmente pelos mais velhos. Hoje, com 79 anos, considero-me uma mulher feliz, lutando sempre pelo bem do Brasil.

Ainda estranho o excesso de desrespeito da turma jovem pelos idosos.
Vida que segue......

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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