PLANOS DE SAÚDE

Entidades cobram votação de Pacheco no caso do Rol da ANS

Por Mobilização Nacional 05/08/2022 - 19:04
Atualização: 05/08/2022 - 19:10

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© Arquivo/Agência Brasil
Entidades rebatem argumentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar
Entidades rebatem argumentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar

Um coletivo de mais de 100 entidades denominado Mobilização Nacional Contra o Rol Taxativo e a Favor do Rol Exemplificativo enviou hoje, 5, posicionamento a diversos senadores pedindo que a casa paute e vote a questão do Rol de procedimentos e Eventos em Saúde.

No dia 3, quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei obrigando operadoras de planos de saúde a cobrir procedimentos fora da lista básica da ANS, a agência que regula os planos de saúde. No mesmo dia, a ANS soltou uma nota dizendo que, se aprovado, referido PL ofereceria risco à sustentabilidade do mercado.

A carta aberta rebate os argumentos da ANS e ainda chama atenção para o fato de que seu diretor presidente, Paulo Rebello, participou das discussões na Câmara dos Deputados e não havia se oposto à redação aprovada na Câmara. Segundo o documento, “o projeto de lei foi construído após reuniões entre governo e oposição, “processo que contou com a participação de diversas entidades da sociedade civil e também da ANS na figura de seu diretor-presidente Paulo Rebello”. As entidades afirmam causar “estranhamento” essa posição posterior da agência, contrária a um PL que a própria agência ajudou a construir.

Ainda segundo as entidades, “lamentavelmente a ANS abandonou a posição de autarquia de Estado, com atribuição estritamente regulatória e atuação obrigatoriamente isenta para se posicionar de maneira parcial em favor das operadoras de planos de saúde, extrapolando seu poder normativo e regulamentar, pois as próprias regras editadas pela Agência não podem restringir a cobertura determinada em lei”.

Rebateram também os argumentos de entidades representativas de empresas de planos de saúde, segundo as quais o projeto de lei poderia causar aumentos para os consumidores. “Os argumentos de riscos para a sustentabilidade decorrentes da judicialização na saúde suplementar não encontram respaldo na evidência empírica disponível, seja da reguladora, seja dos institutos de pesquisa idôneos” aduz o documento. Há, inclusive, posicionamento do próprio setor admitindo que o impacto da judicialização e da cobertura além do Rol não é significativo a ponto de causar desequilíbrio nas carteiras.

Contexto


Em 8 de junho, o STJ decidiu que o rol de procedimentos de planos de saúde da ANS, a lista de cobertura obrigatória das operadoras, é taxativo. A partir desse entendimento, famílias poderiam ter - e tiveram - tratamentos e procedimentos negados pelos planos de saúde.

O impacto foi tão grande que a discussão transbordou do STJ e se deslocou para a agência reguladora, para o Legislativo e para o Supremo Tribunal Federal (STF). Em resposta, a ANS anunciou a ampliação do número de sessões para diversas terapias a pessoas com autismo e decidiu, em 11 de julho, abarcar também outras condições de saúde.

Diversos projetos de lei foram formulados, a fim de corrigir o equívoco da decisão do STJ. Para unificar as propostas, a Câmara dos Deputados criou um Grupo de Trabalho de parlamentares para tratar da matéria.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, criou um Grupo de Trabalho para apresentar um texto que resolvesse os problemas do rol taxativo. O resultado desse esforço de formulação e construção de consensos foi o PL 2033/22, aprovado nesta semana. Agora, o projeto segue para o Senado.


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