RIO DE JANEIRO

Caso Gabriel Monteiro: testemunhas dizem que foram ameaçadas

Parlamentar foi denunciado por supostos estupros e assédio sexual
Por Estadão Conteúdo 26/05/2022 - 15:15
Atualização: 26/05/2022 - 15:19

ACESSIBILIDADE

Câmara do Rio
Gabriel Monteiro
Gabriel Monteiro

Duas testemunhas ouvidas pelo Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio, que investiga o vereador Gabriel Monteiro (PL), relataram nesta quarta, 25, que têm sido ameaçados. As ameaças teriam começado depois que os dois homens, que trabalhavam na assessoria de Monteiro, o denunciaram por supostos estupros, assédio sexual e moral, infração a direitos das crianças e manipulação de vídeos. Um dos depoentes chegou ao Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo carioca, vestindo colete à prova de balas. O parlamentar nega todas as acusações e as atribui a questões políticas.

O colegiado ouviu dois ex-assessores do vereador. Vinícius Hayden Witeze trabalhava na produção de dossiês para Gabriel Monteiro sobre outros vereadores e deputados. Heitor Monteiro atuava na edição dos vídeos do ex-PM.

Segundo o presidente do Conselho de Ética, vereador Alexandre Isquierdo, as testemunhas reafirmaram as denúncias de manipulação de vídeos e uso de recursos públicos em benefício próprio na produção privada de conteúdo para o youtuber. Os ex-assessores entregaram prints de conversas que mantiveram com o vereador durante o período em que trabalharam para ele.

Hayden relatou ao Estadão que todos os vídeos dos chamados "experimentos sociais" eram manipulados. Em depoimento à Polícia Civil, ele contou que era responsável por investigar vereadores e outras pessoas indicadas por Gabriel. O objetivo era levantar informações para serem usadas em vídeos do vereador nas redes sociais.

Heitor também reiterou acusações de assédio moral e sexual que teria sofrido durante o período em que trabalhou para Gabriel Monteiro.

"Eu confirmei tudo aqui hoje. Meu compromisso é com a verdade. Tudo o que eu disse na delegacia eu reafirmei aqui. Tenho recebido ameaças, vou registrar na delegacia e tenho andado com seguranças", disse após depoimento que durou cerca de três horas

As oitivas de testemunhas começaram nesta quarta-feira, 25, e seguem até 9 de junho.

Defesa

Advogados do vereador se reuniram nesta terça-feira, 24, com os integrantes da comissão. Pediram a oitiva de oito testemunhas de defesa. Elas deveriam ter sido arroladas na defesa prévia, apresentada em 9 de maio, mas sem nenhuma indicação de testemunha.

O colegiado havia concedido novo prazo, até a última sexta-feira, 20, para a apresentação de até cinco testemunhas. Essa prorrogação também não foi usada pela defesa. Nesta terça-feira, os advogados apresentaram um rol de testemunhas. São três além do inicialmente permitido.

Em 1º de junho acontecem as oitivas de uma testemunha de defesa e outra de acusação. Nos dias 2 e 7 de junho, serão ouvidas outras seis testemunhas indicadas pela defesa - três em cada dia A fase de oitiva de testemunhas será encerrada com a última testemunha arrolada por Monteiro, no dia 9.

O relator do processo, vereador Chico Alencar (PSOL), afirmou que o Conselho de Ética já enviou ofícios ao Ministério Público e à Polícia Civil. O colegiado pediu o compartilhamento das provas colhidas na investigação policial.

"Ficou evidenciada a promiscuidade entre o gabinete parlamentar e seus assessores e a suas empreitadas como youtuber, uma atividade privada. A defesa nega que teve amplo direito de participação, mas eles fizeram mais inquirições que todo conselho. Escolheram uma linha de desqualificar as testemunhas", disse.

Publicidade


Encontrou algum erro? Entre em contato