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"PT precisa aprender lições do mensalão", afirma Suplicy

No terceiro mandato no Senado, petista acredita que o partido que ajudou a fundar deve melhorar a transparência nos seus gastos. Mudanças internas, para ele, são necessárias para evitar perdas de quadros para outras siglas
Por Congresso em Foco 18/02/2013 - 07:41

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"PT precisa aprender lições do mensalão", afirma Suplicy

Ainda sem saber se o PT vai lançá-lo candidato ao Senado em 2014 e de namoro com o novo partido de Marina Silva, o senador petista Eduardo Suplicy (SP) voltou a criticar a legenda da qual faz parte desde a fundação. A crítica ganhou contornos novos com a participação do petista no lançamento do partido da ex-senadora, a Rede Sustentabilidade. Suplicy defende que é preciso melhorar a transparência nos gastos depois do episódio do mensalão – que, para o PT, sempre foi caixa dois de campanhas eleitorais – e que as prévias sejam regra na escolha dos candidatos a cargos majoritários. “Acho que o PT precisa aprender as lições com os problemas que aconteceram”, resumiu ele, em entrevista exclusiva aoCongresso em Foco.

Para o senador, a população tem de ser informada das medidas para melhorar a cultura política entre os petistas. “Temos de mostrar isso claramente ao povo: que nós aprendemos com os problemas havidos, e estamos dispostos a caminhar corretamente”, analisou Suplicy, em entrevista ao site no sábado (16) à noite.

 O senador acredita ser possível até que a nova legenda de Marina caia “nas mesmas armadilhas” em que o PT foi envolvido. “A vida política muitas vezes leva a problemas sérios. Mas espero que não”, disse. Pelo PT, Suplicy está no terceiro mandato como senador, que se encerra em janeiro de 2015. Também foi deputado federal e vereador.

Questionado se, a exemplo do DEM, o PT corre o risco de perder muitos quadros, como já ocorreu com Marina e Heloísa Helena, Suplicy diz ser necessário evitar isso com mudanças internas na legenda. “Por isso eu quero insistir com o PT sobre a aprovação dessas medidas de democratização, como o processo de escolha dos candidatos, e também a transparência, em tempo real, das contribuições ao partido.”

O senador destaca que é preciso, até como forma de redenção do PT, acabar com o uso de dinheiro do caixa dois em campanhas eleitorais. “Obviamente, também o compromisso de se utilizar os recursos contabilizados. Acho que o PT precisa aprender as lições com os problemas que aconteceram”, afirma.

No episódio do mensalão, ex-dirigentes do partido foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal à prisão sob a acusação de terem comprado apoio político no Congresso, com vistas a garantir votos na aprovação de projetos de interesse do governo Lula. Em sua defesa, alguns réus afirmaram que não houve pagamento de propina, mas “apenas” caixa dois de campanha eleitoral.

Confiança

Apesar das críticas, o senador acredita que as mudanças são metas realizáveis. Assim, o partido não perderia sua importância. “O PT veio pra ficar”, disse Suplicy ao site, depois de declarar, cercado por Marina Silva e Heloísa Helena, que estava tentado a “cair na Rede”.

O senador nega que vá deixar a legenda para garantir uma candidatura ao Senado nas eleições de 2014. “Não vou realizar ações para me incompatibilizar com os anseios maiores do PT”, afirmou. Mas Suplicy anda insatisfeito. O PT, sob a influência do ex-presidente Lula, cogita apoiar candidato de outro partido ao Senado no ano que vem, quando haverá apenas uma vaga em disputa. A ideia inicial é apoiar um nome do PMDB, como o deputado Gabriel Chalita (SP), em troca de apoio dos peemedebistas ao candidato petista ao governo de São Paulo. Até o nome do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) já foi levantado como hipótese para substituir Suplicy no Senado com o apoio do PT. O senador diz que só deixa o cargo se for em favor do próprio Lula.


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