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Em nota oficial, Dilma responde a FHC e defende herança de Lula

Em artigo, ex-presidente disse que Dilma recebeu 'herança pesada' . 'Não recebi um país sob intervenção do FMI', respondeu presidente
Por Do G1, em Brasília 04/09/2012 - 06:34

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Em nota oficial, Dilma responde a FHC e defende herança de Lula

A presidente Dilma Rousseff divulgou nota oficial nesta segunda-feira (3) para rebater artigo publicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no qual afirma que Dilma recebeu uma “herança pesada” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em artigo publicado neste domingo nos jornais "O Globo" (leia coluna) e “O Estado de S. Paulo”, FHC afirma que “a presidenta Dilma Rousseff recebeu uma herança pesada de seu antecessor”.

“É pesada como chumbo a herança desse estilo bombástico de governar que esconde males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da Nação”, afirma o ex-presidente.

Em nota, Dilma afirma que foi citada de “modo incorreto” por Fernando Henrique Cardoso e diz que recebeu de Lula uma “herança bendita”.

“Não recebi um país sob intervenção do FMI [Fundo Monetário Internacional] ou sob ameaça de apagão”, diz a presidente.

“Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”, informa a presidente.

“Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro”, conclui a presidente.

Em seu artigo, intitulado “Herança pesada”, FHC fez uma análise sobre o legado deixado por Lula e sobre a atuação de Dilma frente à presidência. Ele chamou de “crise moral” a demissão de oito ministros.

“Como o antecessor [Lula] desempenhou papel eleitoral decisivo, seria difícil recusar de plano seus afilhados”, declarou FHC.

O sociólogo disse que o mensalão “é outra dor de cabeça” deixada por Lula e criticou a visão de que caixa 2 é um crime menor. FHC, contudo, destacou o não-envolvimento de Dilma no suposto esquema. “De tal desvio de conduta a presidenta passou longe e continua se distanciando. Mas seu partido não tem jeito”.

Fernando Henrique afirmou que Lula preferiu “governar ao sabor da popularidade” a fazer reformas “politicamente custosas”.

FHC criticou ainda o déficit da previdência, a política energética do governo e o atraso na transposição do Rio São Francisco e na construção da ferrovia Transnordestina. “Tudo relegado aos restos a pagar do esquecimento”, afirmou.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Presidência da República

"Nota Oficial

Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.

Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.

Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes.

Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.

Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.

Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.

Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil"


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