Na teia do Cachoeira

CPI ouve nesta semana deputado suspeito de vínculo com Cachoeira

Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) prestará depoimento à CPI nesta terça (4). Reunião para votação de requerimentos pode ser realizada na quarta-feira
Por Do G1, em Brasília 03/09/2012 - 07:39

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CPI ouve nesta semana deputado suspeito de vínculo com Cachoeira

Os parlamentares que integram a CPI que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários, ouvem nesta terça-feira (4) o depoimento do deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).

Leréia é considerado suspeito de envolvimento com os negócios do contraventor. Ele já antecipou que irá comparecer ao depoimento marcado na comissão.

“Eu irei [à CPI]. Vou responder o que me perguntarem”, afirmou Leréia, que já se disse amigo do contraventor em fala no plenário da Câmara.

Segundo a Polícia Federal, Leréia mantinha relação próxima com Cachoeira e, conforme gravações de escutas telefônicas, chegou a receber a senha do cartão de crédito do bicheiro. Ele diz que a relação se limita a amizade pessoal e se dispôs a falar na CPI que investiga as relações do contraventor.

Cachoeira foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, durante a Operação Monte Carlo. Ele é acusado de comandar uma rede de jogos ilegais em Goiás e no entorno do Distrito Federal.

Processo parado

No começo de julho, a corregedoria da Câmara dos Deputados aprovou parecer do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) que recomenda a cassação do mandato de Leréia. O parecer que pede a cassação, contudo, ainda não foi analisado pela Mesa da Câmara, o que ainda não tem prazo para ocorrer.

“A convocação do deputado [para a CPI] demonstra que a atitude do meu parecer, de encaminhar para a Comissão de Ética, está acertada. Nós não podemos fazer pré-julgamento, mas eu constatei que é preciso que se faça uma investigação mais aprofundada das relações dele [Leréia] com Carlinhos Cachoeira”, disse Goergen.

O autor do parecer reclama da demora da Câmara em analisar o processo. “A Mesa já deveria ter se reunido para avaliar meu parecer”, disse.

Laranja
Além de Leréia, ainda na terça-feira (4), a comissão vai ouvir o depoimento de André Teixeira Jorge, que é funcionário da Construtora Delta. Segundo a Polícia Federal, a evolução patrimonial e movimentações financeiras de Jorge são incompatíveis com os rendimentos declarados. A polícia suspeita que ele tenha sido usado como “laranja” pelo grupo.

A Delta aparece nas investigações da PF como um dos braços empresariais do grupo de Cachoeira. A empresa é suspeita de ter recebido dinheiro de empresas fantasmas ligadas ao esquema do contraventor.

Requerimentos
Segundo a assessoria da CPI, ainda não está descartada a realização de uma sessão administrativa para votação de requerimentos que pedem quebras de sigilo de suspeitos de integrar o grupo de Cachoeira, a ser realizada ainda nesta semana.

Os parlamentares querem quebrar o sigilo de empresas suspeita de serem fantasmas, que teriam recebido dinheiro da construtora Delta, de acordo com investigações da Polícia Federal.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), um pacote de possíveis requerimentos a serem apreciados está sendo analisado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). A análise deve ser finalizada até o começo da próxima semana.

Código Florestal
Além da reunião da CPI, os deputados se reúnem nesta semana para o chamado "esforço concentrado" para apreciação de matérias. Devido às eleições, os parlamentares, envolvidos nos pleitos em seus estados de origem, concentram votações importantes nos dias em que estiverem em Brasília. 

Um desses temas a ser apreciado nesta semana deve ser a MP do Código Florestal. Depois de ter sido aprovada na comissão especial, a medida provisória pode ser encaminhada para apreciação no plenário da Câmara ainda nesta semana.

Segundo a assessoria do presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), ainda não estava definida a pauta de votação da Câmara na semana de esforço concentrado. A reunião de líderes deve ocorrer na próxima terça-feira (4).

Nesta quinta, a presidente da República, Dilma Rousseff, enviou bilhete às ministras Ideli Salvatti e Izabella Teixeira questionando sobre acordo, que desagrada ao governo, firmado pela comissão especial mista que analisa a medida. “Por que os jornais estão dizendo que houve um acordo ontem no Congresso sobre o Código Florestal? Eu não sei de nada?”, dizia a presidente no bilhete.

O texto da MP do Código Florestal aprovado pela comissão especial contraria a orientação do governo. Beneficia os médios produtores ao prever que, nas propriedades de 4 a 15 módulos fiscais com cursos de água de até 10 metros de largura, a recomposição de mata ciliar será de 15 metros. O texto original era mais rígido e determinava que propriedades de 4 a 10 módulos teriam que recompor 20 metros


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