Julgamento

Mensalão: STF ouve advogados de deputado e de réus ligados ao Banco Rural

Advogado de ex-ministro Gushiken também fala; PGR pediu absolvição dele. Nesta quarta, Supremo ouvirá defesa de réus pelo terceiro dia consecutivo
Por Do G1, em Brasília 08/08/2012 - 08:05

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O Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirá nesta quarta-feira (8) a defesa de três réus do processo do mensalão ligados ao Banco Rural, do deputado federal João Paulo Cunha e do ex-ministro Luiz Gushiken. A quinta sessão do julgamento – terceira consecutiva para ouvir a defesa dos réus – começa às 14h desta quarta.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 acusados pelo suposto esquema de compra de votos no Congresso Nacional. Para Gurgel, Gushiken deve ser absolvido.

O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos fará a defesa de José Roberto Salgado, que foi vice-presidente do Banco Rural. Salgado foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pelo financiamento do esquema do mensalão em troca de vantagens. Nas alegações entregues ao Supremo, a defesa negou as acusações.

Vinícius Samarane, diretor do Banco Rural na época das denúncias, foi acusado pela Procuradoria de omitir do sistema de informações do Banco Central os saques do valerioduto e supostas irregularidades nas transações. Ele justificou não ter participado das transações e, portanto, não teria como aprová-las. Afirmou também ser comum o saque de dinheiro no ramo publicitário para pagar fornecedores.

Ayanna Tenório teria autorizado, segundo a Procuradoria, renovação de empréstimos do grupo de Marcos Valério no Banco Rural. Também não notificou, conforme a denúncia, o Banco Central sobre as operações suspeitas feitas pelas agências de publicidade. Disse que seguiu orientação de José Roberto Salgado para renovação de empréstimos. Segundo a denúncia, recursos captados nos empréstimos serviam para ocultar desvios de dinheiro público que abasteciam o pagamento de parlamentares no Congresso, em troca de apoio ao governo.

O deputado federal João Paulo Cunha, que na época era o presidente da Câmara dos Deputados, recebeu R$ 50 mil do valerioduto, supostamente para beneficiar a agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério. Ao STF, ele negou irregularidades e argumentou que o dinheiro – sacado pela mulher dele – foi repassado por Delúbio Soares e utilizado para pagar uma pesquisa eleitoral.

Na denúncia, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken foi acusado de orquestrar com Henrique Pizzolato, diretor de marketing do Banco do Brasil, o desvio de R$ 73,85 milhões do fundo Visanet, composto com recursos do banco estatal, para a DNA, a agência de Valério. Gushiken negou participação. O procurador diz que há "insuficiência de provas" sobre a participação de Gushiken no esquema.

O julgamento
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação penal feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem.

Na sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso.

Nesta segunda (6), os advogados de Dirceu e José Genoino negaram a existência do mensalão. A defesa de Delúbio Soares e Marcos Valério, no entanto, confirmou a existência de caixa dois - uso de recursos não declarados - após a campanha presidencial de 2002.

Os advogados de quatro réus do processo do mensalão ligados a Marcos Valério afirmaram nesta terça (7) que seus clientes desconheciam a prática de atividades ilícitas e negaram ter conhecimento sobre o suposto esquema de compra de votos no Congresso Nacional.

Além dos quatro ligados a Valério, falou ainda o ex-ministro José Carlos Dias, advogado da ex-presidente e atual acionista do Banco Rural Kátia Rabello. Dias negou que o banco fizesse empréstimos fictícios ao grupo de Valério


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