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Servidores do STF ameaçam parar na véspera do julgamento do mensalão

Sinalização de greve foi confirmada nesta segunda a Carlos Ayres Britto. Categoria quer aumento médio de 32,48% nos salários do Judiciário
Por Agência Brasil 31/07/2012 - 07:46

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Na tentativa de pressionar o Planalto a abrir uma negociação salarial, os servidores do Judiciário em Brasília, incluindo os funcionários do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmam que irão cruzar os braços na próxima quarta-feira (1º), véspera do início do julgamento do mensalão.

A sinalização de greve foi confirmada na noite desta segunda (30) ao chefe do STF, Carlos Ayres Britto, por dirigentes de três entidades sindicais.

Sem reposição salarial desde 2006, os servidores da Justiça em Brasília decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado. O indicativo de greve, aprovado em assembleia no dia 23 de junho, prevê a suspensão dos trabalhos nos seis tribunais superiores do país.

Os profissionais do Judiciário reclamam que o governo federal se recusa a apresentar propostas de reajuste para a categoria. Segundo o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), José Carlos Pinto de Oliveira, cerca de 20 mil trabalhadores podem suspender as atividades nesta quarta se não surgir uma proposta por parte do Executivo.

“O objetivo é que até 15 de agosto todo os funcionários do Judiciário estejam em greve. A classe solicita um aumento médio de 32,48% nos gastos de pessoal da Justiça”, ressaltou Oliveira.

Interlocução
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) se ofereceu para fazer a interlocução entre os servidores e o governo federal. De acordo com o presidente da entidade, Vagner Freitas, que participou do encontro com Ayres Britto na sede do Supremo, o governo tem de sentar à mesa para dizer quanto poderia pagar à categoria.

"O governo elencou uma série de problemas financeiros, mas não discute conosco a possibilidade de fazer a contra-argumentação", reclamou o dirigente da CUT.

Os sindicalistas afirmam ter requisitado ao presidente do STF que ele argumente com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, sobre a necessidade de iniciar uma negociação salarial. A proposta orçamentária do Judiciário deve ser enviada até 15 de agosto para o Executivo. O governo, por outro lado, tem até o final do mês para encaminhar o Orçamento de 2013 para o Congresso.

Conforme o coordenador-geral do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Distrito Federal (Sindijus-DF), Jailton Mangueira Assis, Ayres Britto teria se comprometido a incluir na proposta do Judiciário a previsão de parte dos recursos necessários para implantar o plano de carreira e para garantir o reajuste dos funcionários.

Questionado sobre os eventuais prejuízos que a greve poderia trazer à análise dos 38 réus do mensalão, o sindicalista refutou responsabilidades no julgamento. "Deixamos bem claro que quem faz julgamento é a magistratura. Não vamos aceitar nenhum tipo de colocação de que os servidores estão atrapalhando qualquer tipo de julgamento", enfatizou Assis.


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