Na teia do Cachoeira

Cachoeira deixa carceragem da Polícia Federal em Goiânia

Contraventor está sendo reconduzido para presídio no Distrito Federal. Indiciado se calou na audiência da Justiça Federal sobre Monte Carlo
Por Do G1 GO 26/07/2012 - 15:55

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O contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, Carlinhos Cachoeira, deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) em Goiânia, nesta quinta-feira (26), por volta das 13h. O indiciado vai ser reconduzido ao Presídio da Papuda, em Brasília (DF), por um comboio da PF.

No período da manhã, a mulher do contraventor, Andressa Cachoeira, esteve na Polícia Federal, acompanhada de um advogado, para visitar o marido. Sorridente, ela conversou com a imprensa e falou sobre os planos do seu casamento com o preso.

Cachoeira chegou à Goiânia na manhã de segunda-feira (23) para participar das audiências de instrução realizadas pela Justiça Federal com os réus e testemunhas do processo referente à Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso no fim de fevereiro. O contraventor e mais sete são réus na ação penal.

Além de Cachoeira, também são réus Lenine Araújo de Souza, apontado como braço-direito de Cachoeira; Gleyb Ferreira da Cruz, apontado na denúncia como auxiliar do contraventor; Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, suspeito de ter feito grampos ilegais a mando de Cachoeira; Wladimir Garcez, apontado como elo entre Cachoeira e o governo de Goiás; José Olímpio de Queiroga Neto, suspeito de atuar na abertura e fechamento de pontos de jogo ilegal; e Raimundo Washington Queiroga, irmão de José Olímpio. Geovani Pereira da Silva, acusado de ser o contador da quadrilha, é o único que está foragido.

Os réus respondem aos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas, violação de sigilo profissional. Além disso, também foram enquadrados em contravenção penal pelo jogo ilegal.

Depoimentos
O juiz Alderico Rocha, da 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia, decidiu encerrar no final da tarde de quarta (25) audiência do processo ao qual responde o bicheiro Carlinhos Cachoeira depois que todos os réus se recusaram a responder perguntas. Eles foram convocados para prestar depoimentos, mas não quiseram falar sobre questões relacionadas ao processo, referente à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que em fevereiro levou à prisão de Cachoeira, acusado de comandar uma rede de exploração de jogo ilegal em Goiás.

Ao serem indagados, ao final de cada depoimento, se tinham algo mais a falar, alguns deles fizeram breves declarações. No total, as falas dos sete duraram uma hora e meia.
A primeiro foi de Lenine Araújo, que afirmou ser primo do bicheiro e negou envolvimento na quadrilha.

Depois, falou o ex-vereador Wladimir Garcez, que disse que o processo cita um homônimo e contradisse o que falou à CPI do Cachoeira em maio.

Em seguida, foi a vez de Gleyb Ferreira, apontado como auxiliar do contraventor. Ainda preso em razão da Monte Carlo, Ferreira chorou durante a audiência.

O quarto a ser chamado pelo juiz foi Cachoeira. Depois, Idalberto Matias, o Dadá. O sexto foi José Olímpio de Queiroga Neto e, o último, Raimundo Washignton.

Declaração de amor
Durante sua fala, Cachoeira fez uma declaração de amor à mulher, Andressa Mendonça, que acompanhava o depoimento. Disse que se casará assim que for libertado, "no primeiro dia". "Eu te amo, tá?", afirmou dirigindo-se à mulher, que estava na plateia. Mas se recusou a responder qualquer questão referente ao processo.
São oito réus na ação, mas um está foragido, Geovani Pereira da Silva, acusado de ser o contador da quadrilha.

Tentativa de suspensão
Os advogados tentaram, sem sucesso, impedir o interrogatório dos réus. O advogado Leonardo Gagno, que defende três dos réus - Dadá e os irmãos Queiroga -, pediu o adiamento. "Que os interrogatórios sejam realizados após a perícia de todas as mídias eletrônicas apreendidas na casa dos réus, a fim de garantir a defesa na sua forma ampla."

O procurador Daniel Resende foi contra, argumentando que os acusados podem usar o direito constitucional de ficar em silêncio. "Mesmo que queiram falar, eles sequer têm o dever de falar a verdade."

O advogado Ricardo Sayeg, que defende Lenine, pediu a nulidade dos áudios grampeados que sustentaram a denúncia.

"A defesa sustenta a absoluta nulidade de todo o monitoramento e interceptação telefônica", disse, atribuindo o pedido ao depoimento das testemunhas de acusação que falaram sobre como eram ouvidas as ligações grampeadas. O juiz disse que tomará a decisão após a fase de instrução, ou seja, após os interrogatórios.

Julgamento
O magistrado Alderico Rocha falou no início da audiência de quarta que o julgamento dos réus deve demorar cerca de um mês.

Após os interrogatórios, haverá prazo para a conclusão das diligências e, posteriormente, os advogados poderão apresentar as alegações finais antes de uma decisão da Justiça de primeiro grau.

Depois disso, se condenados, ainda podem à segunda instância, que é o Tribunal Regional Federal.


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