Na teia do Cachoeira

PSDB diz 'confiar' em Perillo e afirma que PT usa CPI para 'intimidar'

Guerra atribuiu denúncias à tentativa do PT de desviar foco do mensalão. Deputado da CPI disse que foco passou do grupo de Cachoeira para PSDB
Por Do G1, em Brasília 17/07/2012 - 19:00

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Após novas denúncias de envolvimento entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o governador de Goiás, Marconi Perillo, o PSDB reafirmou nesta terça-feira ter "total confiança" no tucano. Em entrevista na liderança do partido na Câmara, o presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra (PE), disse que o PSDB "não tem dúvidas" acerca do governador e criticou o trabalho do PT no controle da CPI, que para ele, deixou de investigar Cachoeira e a Delta para atacar Perillo.

Neste fim de semana, reportagem da revista Época mostrou relatório da Policia Federal segundo o qual Perillo tinha um "acerto", para receber propina da Delta, através de Cachoeira, para liberar pagamentos por serviços da empreiteira no estado. O dinheiro, R$ 500 mil, teria chegado a Perillo por meio da venda de sua casa, a mesma em que o bicheiro foi preso.

Em nota Perillo respondeu que a denúncia era "infame e desleal" e que os pagamentos à Delta foram feitos em dia para honrar os contratos, sem contrapartidas.

Guerra disse que setores da PF estão "sendo usados politicamente, com interpretações direcionadas".

"Isso é uma fraude publicitária de quem não tem nenhum método para investigar, que tira coisas da Policia Federal para uma campanha contra o PSDB", disse, em relação ao PT. Ele atribuiu as denúncias à campanha eleitoral e ao julgamento do mensalão. "Não têm coragem de enfrentar um julgamento do mensalão limpo", completou Guerra. "Essa CPI obedece ao governo, ao ex-presidente Lula e ao José Dirceu, é claro".

Em nota, Sérgio Guerra também disse que "o PT usa a CPI para intimidar oposição".

"Acuado com a aproximação do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que poderá ter efeitos danosos sobre as candidaturas do partido nas eleições deste ano, o PT agora usa a CPI do Cachoeira para tentar intimidar a oposição. Mas eles não conseguirão desviar o foco do julgamento do maior escândalo de corrupção já registrado no país, ocorrido há sete anos".

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse que o partido não é contra a investigação. Ele disse que uma nova convocação do governador "seria repetição de perguntas e respostas", para não ouvir outras pessoas. "Temos que trazer a CPI para ouvir o Cachoeira, o Pagot, o Cavendish", disse. 

Nesta segunda-feira, no entanto, Álvaro Dias afirmou em plenário que o partido precisa "tomar providências" quanto às novas denúncias envolvendo Perillo.

Na entrevista à imprensa, foi apresentada uma planilha, com base em dados que chegaram à CPI, com tudo o que a Delta recebeu de governos federal, estaduais e municipais de 2003 a 2011, que somam R$ 7,4 bilhões brutos.

Desse total, estados e prefeituras comandados pelo PSDB pagaram R$ 501 milhões (6,7%). O PR, que até o ano passado controlava o Ministério dos Transportes, ordenou o pagamento de R$ 3,3 bi (45,6%), seguido do PMDB (R$ 1,3 bilhão, 18%) e PT (R$ 1,2 bilhão, 17%), antes do PSDB, o quarto maior pagador.

A participação de todos os partidos da base chega a 87,4% e a dos partidos de oposição a 10,7%, segundo o levantamento, feito pelo partido.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) integrante da CPI, mostrou que os pagamentos à Delta foram feitos pontualmente, por determinação de Perillo, para que os serviços contratados não parassem, assim como foi feito com outras empresas. Ele destacou que as conversas citadas na reportagem da Época não são do governador, mas de pessoas ligadas ao grupo de Cachoeira.

"O assunto é a casa, não é conversa do Marconi, mas de Wladimir Garcez e Claudio Abreu, que são pessoas que se utilizavam do nome do governador para mostrar um poder que não detinham", disse Sampaio. "Querem chamar gente do PSDB durante todo agosto, no mesmo mês do julgamento", criticou Sampaio.


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