Na teia do Cachoeira

"Não menti, mas mentir não é quebrar decoro", diz Demóstenes

Demóstenes diz que cassação seria 'injustiça'
Por Do G1, em Brasília 10/07/2012 - 09:05

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"Não menti, mas mentir não é quebrar decoro", diz Demóstenes

A dois dias da sessão que vai definir seu futuro parlamentar, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) fez seu sexto discurso em defesa do seu mandato na tarde desta segunda-feira (9). A sessão que vai votar o requerimento que pede a cassação do mandato do parlamentar será realizada na manhã desta quarta-feira (11), a partir das 11h.

"Se ele [requerimento de cassação] for aprovado, será a maior injustiça da história do parlamento brasileiro. Será injusto porque é inconstitucional. Agora, está se violando o princípio da ampla defesa. O guardião, o sistema de grampos da polícia brasileira, não pode ser superior ao guardião da Constituição que é o Supremo Tribunal Federal. Será injusto porque não há provas, os indícios apresentados foram colhidos ilegalmente de depois vazados de forma criminosa", disse.

Demóstenes aproveitou para reiterar que em nenhum momento mentiu na tribuna do Senado quando falou sobre sua ligação com Cachoeira. No entanto, o senador afirmou que, se tivesse mentido, não seria quebra de decoro. "A diferença é que eu não menti. Ninguém deve mentir. Senador não deve mentir. Mas, se mentir, não se configura quebra de decoro. A tribuna é inviolável, segundo a própria Constituição", disse o parlamentar.

O senador falou durante 21 minutos para, novamente, um plenário praticamente vazio. Demóstenes é acusado de ter quebrado o decoro parlamentar, por ter, de acordo com as denúncias da Polícia Federal, utilizado seu mandato para beneficiar os negócios do contraventor Carlos Augusto Ramos, oCarlinhos Cachoeira.

O bicheiro foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, durante a operação Monte Carlo.O senador voltou a negar, assim como já fez em discursos realizados na semana passada, que tenha utilizado seu mandato para beneficiar o contraventor.

"A verdade é que não quebrei o decoro parlamentar, não cometi ilegalidades, não menti no discurso no plenário do Senado, não recebi vantagem indevida, não pratiquei irregularidades. Não me envolvi em qualquer crime ou contravenção. Não conhecia as atividades de Carlinhos Cachoeira investigadas pela Operação Monte Carlo. Reafirmo minha inocência e asseguro que estou sacrificado por uma grande injustiça", disse.

Segundo o senador, o relatório produzido pelo Conselho de Ética e referendado pela Comissão de Constituição e Justiça que pede a cassação do mandato deveria ter sido "arquivado". Demóstenes acusou a mídia de estar pressionando o Senado por uma definição do mandato. "O Senado não vai cair na armadilha de me fazer de bode expiatório de uma crise fabricada".

Caso tenha a cassação aprovada, Demóstenes Torres terá seus direitos políticos suspensos por oito anos a contar do fim de seu mandato parlamentar, que encerraria em 2019. Se isto ocorrer, Demóstenes só poderá voltar a disputar eleições a partir de 2027, quando tiver 66 anos. Outra consequência é que, sem o mandato de senador, ele deixa de ser julgado peloSupremo Tribunal Federal.

A sessão que vai decidir sobre a cassação está marcada para as 10h de quarta (11). Durante a sessão, Demóstenes terá 20 minutos para se defender na tribuna. Para que a cassação seja aprovada, é preciso o voto favorável de 41 dos 81 senadores.


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