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Ex-deputado da 'oração da propina' deixa prisão após ficar 9 dias detido

Brunelli não poderá deixar o DF por mais de sete dias sem se justificar. Defesa diz que irá requerer todo o processo para traçar nova estratégia
Por Do G1, DF 06/06/2012 - 08:37

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Ex-deputado da 'oração da propina' deixa prisão após ficar 9 dias detido

Depois de nove dias preso, o ex-deputado distrital Junior Brunelli (ex-PSC) foi liberado pela polícia na madrugada desta quarta-feira (6). Brunelli foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e formação de quadrilha. Brunelli é suspeito de usar uma associação para desvio de verba pública.

A polícia informou que não foi solicitada a prorrogação da prisão preventiva por entender que, agora, não há justificativa para isso. Mas o ex-distrital não poderá deixar o Distrito Federal por mais de sete dias sem se justificar. De acordo com a polícia, Brunelli teve que informar também para a polícia um endereço onde será possível ser encontrado.

O ex-deputado deixou a carceragem do Departamento da Polícia Especializada (DPE) por volta de meia-noite. Ele conseguiu despistar a imprensa e saiu pelo portão dos fundos.

O advogado que representa o ex-parlamentar, Eduardo Toledo, disse que Brunelli teria seguido de carro até a casa onde mora, em um condomínio fechado no Guará. “A defesa cuidou nesse primeiro momento da liberdade. Agora, vamos requerer todo o processo para poder analisar com cuidado e poder traçar uma nova estratégia.”

Toledo chegou a questionar a prisão de Brunelli. “Vamos comprovar de que houve meras irregularidades administrativas. A defesa vai tentar demonstrar que não houve peculato, mas meras irregularidades administrativas que não caracterizam desvio de verba pública ", enfatizou.

Por causa do feriado de Corpus Christi, celebrado nesta quinta-feira (7), o inquérito só deve ser concluído na próxima semana, quando será entregue à Justiça.

Brunelli foi o protagonista do episódio que ficou conhecido como "oração da propina". A gravação foi divulgada como parte do suposto esquema de corrupção conhecido como “Mensalão do DEM de Brasília”, que resultou na operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, e na prisão e perda do mandato do então governador do DF, José Roberto Arruda (ex-DEM).

O responsável pela Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), delegado Henry Lopes, Brunelli afirmou que, se forem condenados, o ex-deputado e outras três pessoas, presas também sob suspeita de envolvimento no suposto desvio de verba, podem pegar até 30 anos de cadeia.

“As investigações continuam. As investigações mostram que Brunelli e as outras três pessoas desviaram cerca de R$ 1,7 milhão. No entanto, ele conseguiu em emendas parlamentares cerca de R$ 2,6 milhões. Portanto, estes outros R$ 900 mil serão investigados para sabermos se também estão envolvidos em esquemas de corrupção”, afirmou o delegado da Deco ao G1.

Lopes disse ainda que “há indícios materiais que provam o desvio efetivo de verba públca”. Segundo o responsável pela divisão, o indiciamento será relatado e encaminhado à Justiça na próxima semana, para uma “possível ação penal ser movida contra Brunelli e os outros suspeitos”.

 

Investigação
Após dois anos de investigações, os policiais da Deco concluíram que Júnior Brunelli destinou R$ 1,7 milhão em emendas parlamentares a projetos voltados para idosos, chamados “Corpo em forma, mente sadia 2009” e “Projeto Flor da Idade”. Mas, de acordo com a polícia, o dinheiro teria sido desviado por meio da associação, empresas de fachada e notas fiscais adulteradas.

Segundo a polícia, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) liberou, na época, o dinheiro em quatro convênios com a AMO. Porém, as investigações apontaram que a entidade não tinha estrutura física ou técnica para administrar a quantia. A apuração mostrou ainda indícios de uso da AMO para desvio de dinheiro público.

 

Caixa de Pandora
A operação Caixa de Pandora foi deflagrada em novembro de 2009 e investigou o suposto esquema de pagamento de propina no governo do Distrito Federal (GDF). A Procuradoria Geral da República informou que o Ministério Público Federal pretende oferecer denúncia contra o ex-governador Arruda junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) até o fim deste mês.
Arruda é suspeito de ter envolvimento com o suposto esquema de corrupção que envolveu diversos políticos, empresários e servidores públicos.

Por telefone, o advogado do ex-governador, Nélio Machado, disse ao G1 que há falta de conteúdo contra Arruda. "Uma acusação que leva mais de dois anos e meio para ser apresentada revela, de antemão, uma grande possibilidade de falta de conteúdo. Vamos aguardar o teor dessa denúncia. Se ela de fato vier, vamos apresentar nossa defesa. Se for feita a denúncia, será uma acusação sem consistência e o tribunal certamente irá analisar todos os pontos."


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