Teia do Cachoeira

CPI ouve nesta terça depoimento da ex-chefe de gabinete de Perillo

Eliane Gonçalves e mais 4 pessoas falarão na condição de testemunhas. Comissão deve definir nesta segunda (4) votação de requerimentos
Por Do G1, em Brasília 04/06/2012 - 11:07

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A CPI criada para investigar a ligação do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários ouvirá nesta terça-feira (5) o depoimento de Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Outras quatro pessoas citadas em investigações da Polícia Federal vão depor na terça, na condição de testemunhas.

De acordo com inquérito da PF, Eliane teria recebido um telefone exclusivo para se comunicar com Cachoeira, que repassaria a ela informações sigilosas sobre operações policiais. Gravações mostram que a ex-chefe de gabinete de Perillo alertou o prefeito de Águas Lindas de Goiás, Geraldo Messias, sobre uma busca por provas na casa dele durante a Operação Apate, que combateu fraudes contra a Receita Federal no estado de Goiás.

Em uma conversa telefônica registrada pela PF, Cachoeira pergunta a Eliane se ela havia contado algo para “o maior”. De acordo com o requerimento de convocação de Eliane, de autoria do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), a expressão poderia ser uma referência a Perillo.

Diante das denúncias, Eliane pediu exoneração, no dia 4 de abril, do cargo de chefe de gabinete do governador de Goiás. Na carta em que solicitou o desligamento, ela afirma que foi "vítima de um grande equívoco", e diz que seu nome foi confundido com o de outra Eliane". "Nada tenho a temer", escreveu.

Como falará na condição de testemunha, Eliane não pode se negar a responder perguntas, a não ser que consiga um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Somente investigados pela CPI têm o direito de permanecer em silêncio.

Também irá depor na próxima terça o empresário Walter Paulo Santiago. Ele seria proprietário legal da mansão onde Carlinhos Cachoeira morava quando foi preso em fevereiro pela Polícia Federal. De acordo com as investigações da PF, a casa teria sido comprada do governador de Goiás, Marconi Perillo. Para a polícia, Santiago apenas “emprestou” o nome, para figurar como proprietário da mansão. O objetivo, segundo a polícia, seria esconder a transação e a ligação de Cachoeira com o governador de Goiás.

Além disso, de acordo com o requerimento de convocação, Santiago é dono de uma faculdade que recebe repasses do governo de Perillo pela participação no programa estadual Bolsa Universitária.

Outra testemunha chamada a falar na CPI é Sejana Martins, diretora da instituição de ensino de propriedade de Walter Santiago. Ela era sócia da empresa Mestra Administração e Participação, que aparece no registro de imóveis como proprietária da mansão onde Cachoeira vivia. Sejana deixou a sociedade dois dias depois da compra da casa. A quarta pessoa convocada pela comissão é Écio Ribeiro, que ainda figura como sócio proprietário da empresa.

 

Reunião
Nesta segunda (4), integrantes da CPI devem traçar estratégias para o depoimento das testemunhas. Devem discutir ainda uma data para colocar em votação as quebras de sigilo do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e de deputados citados nas investigações da Polícia Federal sobre a quadrilha de Cachoeira.

A votação desses requerimentos estava prevista para a última quarta (30), mas foi adiada após protesto do PSDB. Tucanos criticaram o fato de não terem sido colocados em votação, também, requerimentos que solicitavam a quebra dos sigilos dos governadores do PT e do PMDB.

O relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), defende que apenas a quebra de sigilo de Perillo seja analisada. Para ele, há indícios que justificam o acesso a dados do governador de Goiás. Segundo o petista, existem 237 referências a Perillo nas gravações telefônicas registradas pela Polícia Federal na investigação sobre o grupo de Cachoeira.

“São condutas individualizadas e há nos autos da Polícia Federal mais evidências contra o governador Marconi Perillo. Os cheques para pagamento da casa foram parar na conta dele. Há nível de envolvimento diferente com a organização criminosa”, disse.

O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI do Cachoeira, deve ficar afastado do trabalho nesta semana após um cateterismo. A comissão deverá ser presidida pelo vice, deputado Paulo Teixeira (PT-SP).


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