Arrumando as malas

Conselho de Ética abre caminho para a cassação de Demóstenes Torres

O senador é acusado de mentir sobre o envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. A votação do relatório está marcada para a próxima terça-feira
Por Brasília 04/05/2012 - 10:27

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Conselho de Ética abre caminho para a cassação de Demóstenes Torres

O Conselho de Ética do Senado abriu caminho para a cassação do mandato de Demóstenes Torres. O senador é acusado de mentir sobre o envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

O relator, o senador Humberto Costa, disse que Demóstenes Torres faltou com a verdade quando negou conhecer as atividades ilícitas do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele pediu, então, a abertura de processo contra o senador. A votação do relatório está marcada para a próxima terça-feira.

Demóstenes Torres não estava, só o advogado dele que ouviu a seguinte conclusão: o senador quebrou o decoro parlamentar. O relator do caso, o petista Humberto Costa, explicou o porquê. Demóstenes usou o mandato para favorecer as atividades do bicheiro Carlos Cachoeira e ainda mentiu, ao declarar, em um discurso em plenário, no dia 6 de março, que apenas tinha relação de amizade com o contraventor.

“Eu estou pedindo a abertura do processo disciplinar. Ao longo do processo disciplinar, ele terá amplas condições de fazer defesa, inclusive poderá fazer essa defesa antes da abertura do processo disciplinar, na próxima terça-feira”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE), relator no Conselho de Ética.

No dia 8, os senadores do Conselho de Ética vão analisar todos os argumentos. Se a maioria concordar, é aberto o processo, que pode levar à cassação do mandato do senador Demóstenes Torres. Será o primeiro julgamento político desde o início das denúncias, que também são alvo da CPI.

A cópia das investigações está trancada. O material só será liberado para consulta dos parlamentares na semana que vem e sob a vigilância de policiais do Senado. “A sala terá inviolabilidade dos dados, não vai poder reproduzir esses dados, terá câmeras e absoluta segurança”, afirmou o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI.

Na documentação, estão várias conversas gravadas pela polícia. Entre elas, as que envolvem o deputado do PSDB de Goiás, Carlos Alberto Leréia, e o bicheiro Cachoeira.

Nesta quinta-feira (3), Leréia, no plenário, falou sobre a relação dos dois: “Como todos têm acompanhado meu nome é citado várias vezes como uma pessoa que falou frequentemente com o Sr. Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que por sinal faz aniversário hoje, está preso na papuda, faz 49 anos, e é meu amigo pessoal”,

No seguinte diálogo, Lereia pede emprestado o apartamento do bicheiro no Rio.

Leréia: Como é que está o apartamento lá do Rio? Está ok lá?
Cachoeira: Não está arrumado ainda, os móveis estão lá, encaixotados.
Leréia: Eu queria ficar lá de passagem de ano.
Cachoeira: Até lá está ok. Pode deixar com nós aqui.

O deputado Leréia disse que está disposto a se explicar na CPI.

O líder do PSDB na Câmara, o deputado Bruno Araújo, disse que o partido vai aguardar o depoimento de Carlos Leréia à CPI para só depois decidir o que fazer.


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