
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) deixaram a sede do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na manhã desta terça-feira (17), após quase 24 horas de ocupação no local. O grupo pede mais investimentos em assentamentos e punições no caso conhecido como Massacre de Eldorado de Carajás, em 1996, quando trabalhadores rurais foram assassinados no Pará.
Cerca de 1,5 mil pessoas, segundo o MST, permanecem acampadas do lado de fora do ministério. De acordo com a Polícia Militar, aproximadamente 300 pessoas haviam entrado no edifício.
Na noite de segunda, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou na Justiça Federal um pedido de reintegração de posse do edifício, onde funcionam também outros dois ministérios - Esporte e Secretaria de Igualdade Racial. Segundo a assessoria do MDA, a AGU obteve a liminar, mas não houve necessidade de acionar a polícia para cumprimento. Conforme o ministério, a saída foi pacífica e voluntária.
Também na segunda, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, informou, por meio de nota, que as negociações do MST com o governo só seriam retomadas depois da retirada dos manifestantes do edifício. O ministro alegou que a atitude dos manifestantes era incompatível com a agenda discutida com o governo sobre as reivindicações para ampliação de assentamentos.
O acesso a funcionários de três ministérios ficou impedido ao longo de toda a segunda-feira. Segundo a assessoria de imprensa do MDA, nenhum bem público foi depredado no interior do prédio.
A retirada dos ocupantes do MST do prédio inciou por volta de 8h21, de acordo com a entidade. O horário teria sido definido como uma forma de homenagear os 21 sem-terra que morreram durante o Massacre de Eldorado dos Carajás.
Conforme o movimento, a ação integra a jornada nacional que o MST promove no mês de abril todos os anos, o Abril Vermelho, para relembrar o massacre e discutir as pautas do movimento. Entre as reivindicações do MST estão a reforma agrária, a educação no campo, a criação de assentamentos para famílias acampadas e o desenvolvimento de assentamentos já ocupados.
Agenda
Manifestantantes do MST anunciaram a realização de uma vigília nesta terça em frente ao Supremo Tribunal Federal, a partir das 17h. Às 17h30, outra parte do grupo se dirigirá ao Congresso Nacional, para um ato público na Câmara dos Deputados.