Conclusões óbvias
Em Harvard, Dilma diz que Brasil deve superar atraso na educação
Presidente encerrou visita oficial aos Estados Unidos com palestra em universidadeA presidente Dilma Rousseff encerrou na noite de ontem, terça-feira (10), sua visita oficial aos Estados Unidos com um discurso na Universidade de Harvard, onde discutiu a necessidade de se melhorar a educação no Brasil e enumerou os avanços econômicos do país nos últimos anos.
A presidente também teve que se esquivar de questões delicadas dos estudantes da universidade, principalmente em relação à questão dos imigrantes brasileiros nos EUA e à situação política na Venezuela.
Em uma palestra de pouco menos de uma hora na Kennedy School of Government, a escola de governo de Harvard, Dilma classificou como "gravíssimo" o atraso na educação no Brasil. Afirmando ser necessário resolver o problema "da creche à pós-graduação", ela afirmou que é preciso resolver alguns "deficits" que existem na pesquisa científica no Brasil, para que priorize a inovação.
"Não podemos dar mais importância a uma publicação do que uma patente. Nós temos que dar importância à patente".
Educação
A primeira visita de Dilma aos EUA teve como foco a questão da cooperação entres dois países principalmente nas áreas de educação e inovação. Entre as principais pautas estava o programa Ciência sem Fronteiras, que pretende conceder 100 mil bolsas para alunos brasileiros em universidades do exterior.
Em Harvard, Dilma participou de atos de assinatura de acordos entre a universidade e o Ministério da Educação que preveem projetos conjuntos de pesquisa, intercâmbio de pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação, além da criação de uma bolsa para um professor-visitante brasileiro.
"O Brasil tem de correr muito para estar à altura dos desafios que nos apresentam no caso da ciência, tecnologia e inovação", disse.
Aos citar as parcerias entre o governo e a universidade, Dilma provocou risos na plateia quando afirmou que o "Brasil precisa de Harvard", mas que considerando que o país é hoje a sexta maior economia do mundo, "é bom para Harvard se aproximar do Brasil".
Perguntas
Dilma também voltou a criticar o modo como os países desenvolvidos vêm combatendo os efeitos da crise econômica e criticou a desvalorização de moedas como o dólar, tema que já havia abordado em reunião com o presidente americano, Barack Obama, na segunda-feira (9).
A parte mais delicada da palestra, no entanto, aconteceu quando foi aberta uma sessão de perguntas da plateia. Dois estudantes venezuelanos questionaram a presidente a respeito da situação política na Venezuela, perguntando se ela teria alguma "recomendação" para o presidente Hugo Chávez e qual era sua opinião sobre o caso da juíza Maria Lourdes Afiuni, que está presa desde 2009, em uma situação criticada por ONGs e pela oposição.
Na primeira ocasião, ela respondeu que "não se arroga o direito de fazer recomendação para país nenhum", após dizer que tem grande respeito por Chávez.
Em relação à segunda pergunta, Dilma disse "sempre defender os direitos humanos", mas afirmando desconhecer o caso, criticou o "uso" dos diretos humanos para "para se fazer política".
Um brasileiro perguntou se o governo também estaria estudando conceder bolsas de estudo para imigrantes que estejam ilegalmente nos EUA. A presidente respondeu que embora quisesse que os que emigraram "tivessem uma possibilidade", a prioridade é para aqueles que estão no Brasil.
"Eu quero te dizer que talvez ao longo do meu governo, eu não tenha como atender os emigrantes. Eu tenho como protegê-los, mas não tenho como dar para todos os emigrados as mesmas condições que eu tenho de dar no Brasil", disse.