Telefone sem fio

Conversas de suposto chefe de jogo ilegal denunciam Demóstenes Torres

O nome do senador aparece em conversas telefônicas de Carlos Cachoeira, preso sob suspeita de chefiar quadrilha de jogos ilegais
Por G1, Bom dia Brasil 29/03/2012 - 10:48

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A situação política do senador agravou-se ainda mais. E são várias frentes. O ministro Ricardo Lewandowski vai decidir se o Supremo Tribunal Federal vai investigar Demóstenes Torres. No Congresso, o PSOL entrou com representação no Conselho de Ética. Quer que o senador seja investigado por quebra de decoro parlamentar. O que pode levar à cassação do mandato dele. E o Democratas, o partido de Demóstenes Torres, cobrou explicações.

Para alguns parlamentares, a nova denúncia deixa o senador Demóstenes Torres em uma situação ainda mais difícil. “O que era complicado se tornou no meu entender a partir de agora insustentável”, comenta o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). “Politicamente, hoje eu poderia dizer que Demóstenes é um parlamentar abatido”, declara o senador Walter Pinheiro (PT-BA), líder do partido.

O repórter Vladimir Netto teve acesso ao teor de conversas telefônicas, gravadas pela Polícia Federal, entre Carlinhos Cachoeira, preso por suspeita de chefiar uma rede de exploração de jogos ilegais, e dois auxiliares.

Nas gravações, Carlinhos Cachoeira conversa com um contador e com um suposto sócio sobre a contabilidade da quadrilha. Eles falam em milhões de reais, mas não está claro qual o contexto das conversas, nem o destino do dinheiro. O nome do senador Demóstenes Torres é citado seis vezes.

Carlinhos Cachoeira pergunta ao sócio Cláudio Abreu o que ele, Cachoeira, reteve e ouve a resposta: um milhão do Demóstenes.

Em outro trecho, Cachoeira fala de Demóstenes e cita alguns valores, cumulativamente: 1,5 milhão, mais 600, que dariam 2,1 milhões. E mais um milhão, que Cachoeira diz que pediu para segurar. O bicheiro faz a conta e diz que o total dá 3,1 milhões.

Claudio discorda e, usando a expressão "este do Demóstenes", diz que já tinha sido mostrado a ele e que Cachoeira vinha segurando desde a época em que o senador ganhou a eleição.

O senador apareceu na quarta-feira (28) no Congresso. Registrou presença no plenário e depois saiu sem falar com os jornalistas. O PSOL quer que o Conselho de Ética investigue o senador por quebra de decoro parlamentar.

O senador José Agripino, presidente e líder do DEM, partido de Demóstenes, disse que ele precisa se defender: “É mais um fato a ser explicado que é o compromisso do senador Demóstenes de tendo acesso ao processo ir à tribuna e explicar aos seus pares, com os seus argumentos, o que realmente aconteceu”.

De acordo com o advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, ele só vai falar depois que receber cópias dos documentos da investigação: “Ele está, evidentemente, preocupado com essas gravações que aparecem pontualmente e que são negativas à imagem dele, mas no tocante à questão jurídica, estamos muito tranqüilos”.

Já o advogado de Carlinhos Cachoeira não quis comentar a nova denúncia.


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