Cabeça Fria

'Só quem não preocupa o governo é a oposição', afirma Alexandre Garcia

Comentarista ressalta que, mesmo o governo tendo mais de 70% dos votos no Congresso, tem muitos problemas com a base aliada
Por G1, Bom dia Brasil 14/03/2012 - 10:55

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A primeira reação do PMDB não foi muito boa para o governo. A crise continua enquanto não houver uma relação melhor entre os aliados no Congresso e o governo. Ouvimos parte da lista de queixas que o novo líder na Câmara diz haver entre os deputados.

Há 25 anos, o então deputado Roberto Cardoso Alves, o ‘Robertão’ levou para o plenário um recado para o governo: "é dando que se recebe" - e o trecho da oração de São Francisco continua atual nas relações entre Câmara, Senado e governo.

O novo líder no senado, por sua vez, diz que as reivindicações dos aliados às vezes chegam ao governo, às vezes não chegam, ás vezes chegam distorcidas. Quer dizer, a relação vai mal.

A origem imediata da troca de líderes foi a recusa, pelo voto do Senado, de manter no cargo de diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o indicado pela presidente. Atribui-se a derrota do governo ao PMDB liderado pelo senado Renan Calheiros - e à falta de ação do líder do governo Romero Jucá sobre seu partido.

A presidente tirou o líder e, com o pretexto de fazer um rodízio de líderes, trocou também a liderança na Câmara.

Nos últimos dez anos não precisou de rodízio no Senado, com Jucá, líder também do governo Lula, depois de ter exercido a liderança no Senado do governo Fernando Henrique Cardoso.

A situação portanto não é fácil. O novo líder no Senado é de um grupo meio dissidente na bancada liderada por Renan Calheiros, que já deu o troco, indicou Romero Jucá para relator do orçamento federal do ano que vem, o que significa que o governo vai ter que negociar com o destituído Jucá.

Todos falam em rebelião do PMDB, mas não é só ele. Deputados e senadores de todos os partidos governistas, inclusive do PT, têm queixas de falta de diálogo. O incrível é que teoricamente o governo tem mais de 70% dos votos e ainda assim tem tantos problemas.

Esse é um ano eleitoral, que deixa todo mundo mais sensível. Só quem não preocupa o governo no Congresso é a oposição. Quem tem fogo amigo, nem precisa de oposição.


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