Consignados: diretores de bancos confirmam que houve negociações

Por 01/11/2011 - 00:00

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Dois diretores executivos da área financeira ouvidos pelo jornal EXTRA, que pediram anonimato por razões óbvias, confirmaram que o Governo de Alagoas pediu 25% de “taxa de retorno” para quitar pagamentos atrasados aos bancos credenciados pelos empréstimos consignados concedidos aos servidores públicos estaduais.

Não mencionaram especificamente quem ou quais pessoas trataram diretamente com os bancos, mas a negociação ocorreu, revertendo à chamada “taxa de retorno” para as despesas de campanha de reeleição do governador Téo Vilela, de acordo com as revelações do jornal “O Estado de São Paulo” de domingo último.

Eles revelaram, ainda, que o Estado de fato vem cumprindo o acordo de parcelamento, quitando os débitos deixados pelo governo anterior (Ronaldo Lessa e Luiz Abílio) e repassando os valores contratados na atual administração.

DESDOBRAMENTOS - A denúncia revelada pelo “O Estado de São Paulo” não trata, porém, de outros desdobramentos decorrentes da negociação para compor o caixa de campanha. Alguns bancos reagiram à proposta de deságio e da “taxa de retorno” e foram punidos de forma sub-reptícia.

O governador Téo Vilela, acatando proposta da Secretaria de Gestão Pública, na época do ex-secretário Guilherme Lima, publicou decreto alterando as regras para credenciamento dos bancos, determinando que somente poderiam operar com o Estado de Alagoas os estabelecimentos bancários que dispusessem de R$ 50 milhões em carteira.

A medida afastou de novas operações vários bancos de menor porte, mas com forte atuação no mercado de consignados, inclusive com taxas de juros bastante competitivas em relação a bancos maiores.

Os empréstimos sob consignação em folha de pagamento tem vários aspectos positivos, principalmente porque afasta os servidores das mãos de agiotas, que cobram juros extorsivos, e, na medida em que o mercado é disputado por dezenas de bancos credenciados, as taxas de juros caem substancialmente.

Quando o Estado operava apenas com a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, os juros para os servidores públicos estavam em torno de 9% ao mês. Com a abertura para outros bancos, os juros caíram para até menos de 2%.

CONTA ÚNCIA - Outro desdobramento que envolve as operações de empréstimos consignados refere-se à conta única do Estado, hoje em poder da Caixa Econômica. O Governo tentou negociar com o Banco Itaú, o favorito, a transferência da conta única da CEF para aquele estabelecimento, com exclusividade para a concessão de empréstimos. As negociações foram conduzidas por um empresário da Paraíba, da alta confiança do governador Téo Vilela, mas o Itaú recusou a proposta.

Segundo os executivos ouvidos pelo EXTRA, o Banco Itaú não topou ir adiante com a negociação porque o valor da compra da conta única, em torno de R$ 350 milhões, não lhe interessou, além do fato de não confiar no Governo, tendo em vista que foi afastado por duas vezes do negócio, já praticamente concluído (na época de Ronaldo Lessa e também com Téo Vilela).

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